A TRIBUNA DAS CARIÁTIDES E O TEMPLO DE ERECTEION

03/08/2014 00:02

A Tribuna das Cariátides e o Templo de Erecteion

 

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Trecho retirado do capítulo intitulado "Os Cavaleiros de Atena" de Os Cavaleiros do Zodíaco.

 

        Em outra oportunidade desenvolvi um artigo que demonstrava as possíveis referências atribuídas por Masami Kurumada a obra de Saint Seiya. Observando o capítulo intitulado “Os Cavaleiros de Atena”, uma das primeiras páginas aparece a imagem da Tribuna das Cariátides,  que está integrada ao Templo de Erecteion.

        Antes de prosseguirmos com o artigo, gostaria de responder uma questão, o que são as cariátides?

 

“As cariátides são as mulheres de Caria (Lacônia), cidade do Peloponeso, situada próxima de Esparta, que havia colaborado com os invasores persas. Em represália, os atenienses tomaram a cidade e venderam seus habitantes na condição de escravos.

As cariátides simbolizam as mulheres de Caria escravizadas e obrigadas a suportar o peso do templo. Vestem túnicas jônicas e levam sobre as cabeças um cesto que atua como capitel e contribui na distribuição eficaz das cargas arquitetônicas. Em todas faltam às mãos: supõe-se que a esquerda sujeitava, provavelmente, a vestimenta e à direita algum objeto dos usados em cultos.”

 

 

        Possuindo esse conhecimento prévio acerca das Cariátides, daremos continuidade ao artigo apresentando toda a estrutura da qual a Tribuna das Cariátides, apresentada na obra de Saint Seiya. Essa pesquisa pertence ao site www.guiadegrecia.com que se encontra em espanhol.

 

Erecteion

 

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        O Erecteion constitui uma obra mestra de ordem jônica. Foi construída entre os anos 421 e 406 a.C. para substituir o antigo templo de Atena Palas que havia sido destruído pelos persas em 480 a.C durante as Guerra Grego-Persas.

        Seu nome significa “o que sacode a Terra”, um dos epítetos áticos de Poseidon, deus do mar e dos terremotos.

        Instalado os cultos mais antigos da cidade, estava consagrado aos deuses Atena Palas, Poseidon e Hefesto e, ao rei mítico de Atenas, Erecteu, que havia sido fulminado por Poseidon e estava enterrado nesse lugar.

        Está situado na localização da Acrópoles, local que teve a disputa entre Atena e Poseidon pelo posse* de Atenas. Em uma rocha podem ver os sinais que deixou o tridente de Poseidon e no recinto externo se encontra a oliva sagrada, presente de Atena aos atenienses.

*nota: aderiu-se “posse” no lugar de “patrocínio”.

 

“Erechtheum, Ionic temple of Athena, built during 421–405 bc on the Acropolis at Athens, famous largely for its complexity and for the exquisite perfection of its details. The temple’s Ionic capitals are the most beautiful that Greece produced, and its distinctive porch, supported by caryatid figures, is unequaled in classical architecture.

The name, of popular origin, is derived from a shrine dedicated to the Greek hero Erichthonius. It is believed by some that the temple was erected in honour of the legendary king Erechtheus. The architect was probably Mnesicles. In the early 19th century, Lord Elgin took several sections of ... (100 of 128 words)”

 

        Erecteion, Acrópole: Erecteion, frente [Crédito: Alison Frantz] templo Iônico de Atena, construído durante 421-405 a.C. na Acrópole em Atenas, famosa amplamente por sua complexidade e pela perfeição requintada de seus detalhes. As capitais iônicas do templo são as mais belas que a Grécia produziu, e seu alpendre distinto, suportado por figuras cariátides, é sem igual em arquitetura clássica.

        O nome, de origem popular, é derivado de um santuário dedicado ao herói grego Erictônio. É crido por alguns que o templo foi erguido em honra ao lendário rei Ericteu. O arquiteto provavelmente foi Mnésicles. No começo do século 19, Lorde Elgin tomou várias seções de... (100 de 128 palavras).

Tradução do Inglês: Caetano Grego

 

Planta do Erecteion

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1.Naos consagrada a Atena.

2. Pórtico Norte consagrado a Poseidon.

3 Naos de Poseidon/Erecteu .

4. Naos do Herói Butes.

5. Naos de Hefesto.

6. Tribuna das Cariátides.

 

 

 

Um Templo dos Níveis

 

        A acidentada topografia e o temor à destruição dos antigos santuários que configuravam a essência religiosa da cidade condicionou a configuração final do edifício. O arquiteto, possivelmente Mnesicles, autor também dos Propileus, se viu obrigado a inventar um templo de complicada planta assimétrica, integrando vários corpos em distintos planos, com um desnível de três metros.

 

O Xoanon de Madeira

 

        O “xoanon” de madeira de oliva que representava a deusa Atena era a principal imagem do culto na cidade de Atenas. Segundo a tradição, havia sido um presente do próprio* Zeus.

        O Erecteion era conhecido entre os atenienses como “o Templo da Acrópolis de onde está guardada a antiga estátua”.

*nota: aderiu-se “próprio” no lugar de “mesmíssimo”.

 

Dos Templos Unidos

 

        Um templo se pode considerar como a união das construções perpendiculares entre si, com os pórticos dispostos a distintos níveis.

        Ao leste estaria situado um templo hexástilo (1) dedicado a Atena, de eixo maior no sentido leste-oeste e pórtico na fachada leste.

        No sentido norte-sul e perpendicular ao anterior se situaria um templo dedicado aos deuses Poseidon e Hefesto, ao rei mítico Erecteu e ao herói Butes, com pórtico na fachada norte.

        Também para integrar a tumba do mítico rei Cécrope no conjunto se dispôs um dos elementos mais característicos e conhecidos do templo, a tribuna das Cariátides (6), que oculta a escada que conduz a tumba.

 

Cela de Atena

 

        A naos ou cela principal do templo (1), cujo pórtico se abre a leste, está precedida por um pronaos hexástilo. Tem forma retangular e estava dedicada a Atena Palas. Instalada o “xoanon”, a antiga estátua de madeira de Atena, que se dizia que era um presente de Zeus que havia caído do céu e tinha sido consagrada por Cécrope, rei mítico da Ática. Esta estátua de Atena era a principal imagem do culto em Atenas. Ante a estátua da deusa ardia, permanentemente acesa, a famosa “chama eterna” em uma lâmpara de azeite de ouro com forma de palmeira. Também nesta cela se guardavam os troféus e tesouros das Guerras Grego-Persas, entre outros, a espada de Mardônio.

 

Cela de Poseidon e Erecteu

 

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        A espada desta cela e sem comunicação com ela há outras três celas a que se acende pela fachada norte, através de um grande pórtico tetrástilo (2), com quatro colunas jônicas na fachada e duas nas laterais. Este pórtico dedicado ao deus Poseidon se encontrava aproximadamente três metros por debaixo do pórtico da fachada leste. Debaixo do pórtico se encontra uma abóbada que possivelmente alojava a serpente sagrada de Erecteu a que os atenienses ofereciam todos os meses tortas de mel.

        Desde o pórtico se ascendia a cela mais grande (3) dedicada a Poseidon e ao lendário rei Erecteu, que se encontrava a tumba de Erecteu e o “mar de sal” de Poseidon.

 

Tribuna das Cariátides

 

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        Esta cela se comunicava com a famosa tribuna das Cariátides (6), desde onde podia contemplar-se o Partenon. Nesta tribuna, obra de Calimacos, discípulo de Fídias, se encontra a escadaria que conduz a tumba do rei Cécrope, o mítico deus-serpente fundador de Atenas.

        O pórtico consta de seis colunas policromadas com a figura de mulher (cariátides) de 2,3 metros de altura.

        Todas são cópias, cinco das originais estão no Museu da Acrópoles e a sexta no Museu Britânico (Londres).

 

Cela de Butes e Hefesto

 

        Por último, desde a cela de Poseidon-Erecteu se acendia a outras duas celas interiores que estavam dedicadas uma ao herói ateniense Butes (4) e outros ancestrais míticos e a outra ao deus Hefesto (5).

        Na fachada oeste se dispõe um falso pórtico com ventanas separadas por semi-colunas anexadas as pilastras.

        Através de uma pequena porta do pórtico norte, se acende ao recinto descoberto de Pandrosia, situado ao oeste do templo que estava dedicada a ninfa Pandrosia, filha do rei Cécrope. Neste recinto se encontra a oliva sagrada da deusa Atena, ainda que a árvore atual fosse plantada em 1917.

 

        Através dessa pesquisa, conseguimos perceber ainda mais as referências atribuídas por Masami Kurumada ao universo de sua obra. Embora, muitas vezes, não sejam abordadas de maneiras mais detalhadas, as referências podem ser percebidas independentemente do contexto retratado ou usado pelo autor, afinal, como diz o ditado, “uma imagem vale mais que mil palavras”.

 

Representações da arquitetura grega em Saint Seiya e suas ramificações

 

        Masami Kurumada atribuiu muito mais a arquitetura grega em sua obra do que a animação. É só comparar as 12 casas do autor com as outras para percebermos.
        O desenho de Kurumada realmente apresenta o que os gregos utilizaram em sua arquitetura, principalmente o estilo jônico se vê ali. Ele representa exatamente como era o processo construtivo, com peças de mármore precisamente encaixadas para formar as colunas e sustentar as arquitraves e, algumas com seus frontões.
        Já a animação incorpora outros elementos, alguns presentes em arquitetura oriental, como da arquitetura islâmica e hinduísta - casa de Áries e Câncer - a planta cruzada de Câncer foi mais comum em igrejas góticas e, quando cruz grega, renascimento/maneirismo. Há também a planta circular, que os gregos conheciam, mas quase nunca utilizaram, e foi em Roma Antiga e, principalmente, no renascimento/maneirismo, que também foi mais utilizada. E outros elementos que não são pertinentes ao que se utilizava na arquitetura grega.

        Na verdade, é que o anime quase faz o que se conheceu por arquitetura eclética. É por essas e outras que as pessoas confundem arquitetura grega com romana ou com renascentista/maneirista ou com neoclássica.
        Só por curiosidade, existe o relativo masculino de Cariátide que é o Atlante/Telamon.

Por Gabriel Poltronieri do Nascimento

 

Bibliografia

 

https://www.guiadegrecia.com/atenas/erecteion.html

https://global.britannica.com/EBchecked/topic/191182/Erechtheum

 

Pesquisa realizada por Lucas Saguista

Tradução do espanhol por Lucas Saguista

Tradução do inglês por Caetano Grego

Participação especial: Gabriel Poltronieri do Nascimento