DESCONSIDERAÇÕES ÀS FRANQUIAS POR KATRINNAE AESGARIUS

14/12/2014 00:06

Desconsiderações às franquias

por Katrinnae Aesgarius

 

 

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AS PÁGINAS SAGRADAS:
DAS PÁGINAS DO MANGÁ PARA ANIMAÇÃO


        Quando uma revista, com certo renome comercial - já que possui um público objetivo e sendo bem conhecido por esse - tem o dever de cuidado com a informação que passa aos seus eleitores, e quando dedica uma edição para uma série específica esse cuidado deve ser ainda maior. Exige pesquisas extensivas e deve cuidar nas informações que obtém, sendo sempre bom debater entre uma fonte e outra na busca de divergências.

        Quanto a isso, não posso negar que Lily Carrol fez bem seu dever de casa, mas cometeu erros um tanto pecaminosos pela ‘falta de conhecimento’. Com o conteúdo abordado por ela, certamente a matéria não foi desenvolvida em uma semana. Muitas de suas informações são perceptíveis por terem sido baseadas em documentários (excepcionais até) de canais do Youtube de ‘Você Não Sabia?’ e ‘Canal Nostalgia’ - que, aliás, são recomendações obrigatórias! - com muita informação e curiosidade da própria série. Porém, outras ela pecou demais por desconhecer completamente e mais encher linguiça que informar de fato.

        Acredito que um passeio pelas Fandom poderia ajudá-la na construção da matéria, colher informações e maturá-las para comentar mais ricamente sobre a franquia. Afinal, por que não foi comentado do multiverso que se transformou Saint Seiya? Por que não informar sobre as distintas cronologias? Wikias (enciclopédias virtuais dedicadas exclusivamente à série) são muitas, e muitas contém erros de informação, e uma delas é de jogar TODAS AS SAGAS numa única cronologia. ERRADO!

        Quando comenta sobre as franquias, o que foi dito é o básico do básico e nada se diz sobre o que vêm ser a série, história, personagens, destaques. Em suma, DISSE NADA DE NADA! Pergunto a Lily Carrol onde ela buscou as informações, e com que objetivo comentou, já que apenas pareceu encher página e comentar por comentar para dizer patavinas de nada.

        Para começar, poderia esperar um pouco mais e dedicar uma página para explicitar bem sobre esse multiverso, das distintas cronologias. Será que sabe o porquê de uma se chamar Cronologia Clássica? Por que não foi mencionado Next Dimension, uma saga que narra a Guerra Santa do século XVIII igualmente a The Lost Canvas? Por que a animação conta com Saga Asgard entre o fim da Batalha das Doze Casas e Poseidon, mas não existe no mangá? O que é Episódio G e Saintia Shô? Onde entra Gigantomaquia? E os filmes e animações recentes como Ômega?

        Para a geração que conheceu Saint Seiya através de Ômega, seria interessante um cuidado quanto à essas indagações e as repostas serem simples e objetivas. Sendo assim, permita que eu complemente.

 

 

SAGA CLÁSSICA

        A série original de Saint Seiya publicada pela Weekly Shonen Jump em 1986, e naquele mesmo ano, em outubro, a Toei Animation decidiu levar esses heróis da página da revista para serem animados e transmitidos pela TV Asashi.

        Porém, não sei se é do conhecimento da autora da matéria à série ter uma forte releitura com revisão nas primeiras armaduras e nas cores do mangá para a animação, sendo que isso se deve a Shingo Araki, responsável por essa ‘nova cara’ das indumentárias dos personagens e do ‘colorido’ dado às armaduras unicolores. Imaginem chegar às Doze Casas Zodiacais e descobrir que a maioria dos cabelos são louros? Sim, a maioria possuem madeixas claras, e na animação ganhando tons azulados, lilases, esverdeados…

        Outro detalhe interessante do mangá para a animação foi a transformação no roteiro que confunde muitos fãs atualmente. São os chamados fillers do anime com elementos extras - personagens e cenas inexistentes no mangá - que acabaram fazendo a história desandar em muitos momentos. Um exemplo disso é a própria Saori Kido que no mangá já sabia ser a encarnação da deusa Atena, e no anime só descobre-se posteriormente através de seu fiel servo Tatsumi. E o que dizer de Cavaleiros (sic) como Cristal, do Fogo, Tarântula e de Aço que existem no anime? O mais estranho ainda é a criação do Mestre Ares (ou Arles) que teria entregue armadura a Seiya - ou seria ainda Shion? - quando no mangá esse nem existe e Grande Mestre estava morto há 13 anos. Sim, é uma confusão digna de Sessão da Tarde.

        Cronologicamente falando, a saga Clássica seria Saga Santuário (Guerra Galáctica > Cavaleiros Negros > Cavaleiros de Prata > Doze Casas) e ser seguida diretamente para Poseidon. Porém, meio a estes dois surge a Saga Asgard - de Hilda e seus Guerreiros Deuses, usando a mitologia nórdica - e já criando uma fissura na continuidade e outras mudanças que viriam interferir em sagas futuras. Aqui não se tratou de algumas cenas, mas toda uma saga filler, ou seja, criada unicamente na animação.

        No mangá, após a batalha das Doze Casas, os cavaleiros de bronze se recuperavam quando tem início as ameaças de Poseidon. A cena de confronto de Aldebaran e Sorento de Sirene, um dos Generais Marinas do Imperador dos Mares seria essencial, mas foi cortada com o cavaleiro de Ouro de Touro atacado por um Guerreiro-deus, longe de ser a luta aguardada no mangá na transição de sagas. Após uma série em 26 capítulos, chega-se a de Poseidon e sendo preciso criar uma ponte de conexão já quebrado no mangá.

        Talvez Lily Carrol não saiba, mas essa Saga de Asgard nasceu pelas mãos da Toei Animation inspirado no filme ‘A Grande Batalha dos Deuses’, segundo filme da série lançado em 1986, para que Kurumada pudesse concluir a Saga de Poseidon, ainda sendo publicado na Weekly Shonen Jump. Somente assim, após fechar Asgard, mais 15 episódios fechavam o primeiro pacote Clássico com 114 episódios animados, das quais 88 seriam somente originais… até 2002.

        Digo 2002 por quê, após divergências com a Toei, Saint Seiya retornava com uma nova saga quando encerrou em 1989 suas produções. Era a Saga de Hades para fechar o segundo pacote Clássico, divididos em três arcos: Santuário (destacando os Cavaleiros de Ouro e os Renegados mortos na batalha das Doze Casas), Inferno (mais destaque aos Cavaleiros de Bronze e marcado pela reunião dos Doze Cavaleiros de Ouro) e Elísios (Cavaleiros de Bronze e Atena contra Hades). Essa produção foi lançado somente em OVAs, entre os anos de 2002 e 2008.

        Entretanto, a série original ainda não está fechada. Achei um sacrilégio maior do especial NÃO COMENTAR sobre Next Dimension (embora disse nada de todas sagas, enfim!), lançado no Brasil, escrito pelo próprio Kurumada e sendo continuação imediata da Saga Hades. Como assim foi simplesmente ESQUECIDO?

 

SAGAS SPIN-OFF

        Assim chamadas as cronologias paralelas, ou seja, não seguem a cronologia original e sim criando um mundo distinto dentro do universo Saint Seiya, um multiverso. Todas se conectam direta e indiretamente ao original, usam seus elementos e construções, mas criando sua própria cronologia. Todos estes foram, e ainda são, publicados em mangá: The Lost Canvas (Teshirogi Teshirogi), Episode G (Megumu Okada), Gigantomachia (Hamazaki Suzuki) e Saintia Shô (Chimaki Kuori). Saga de Asgard e Ômega são fillers, uma vez que foram exclusivamente animados, mas que não deixam também de ser Spin-off - embora elas sigam mais a cronologia da animação, que não é a mesma do mangá.

        Os seis filmes dentro da franquia - O Santo Guerreiro (1986), A Grande Batalha dos Deuses (1986), A Lenda dos Defensores de Atena (1988), Guerreiros do Armageddon (1989), prólogo do Céu (2002) e Legend of Sanctuary (2014) - também não devem ser ligados à cronologia original. Entretanto, ‘Prólogo do Céu’ por muito pouco não seria a continuação imediata pós-Hades se não fosse toda a transformação na história, que acabou descartando-o completamente da cronologia levando, assim, Kurumada a escrever Next Dimension quatro anos mais tarde.

        Para melhor comentar cada uma das sagas, algo nada dito (e realmente disse nada de nada, repito) por Lily Carrol, que apenas pareceu escrever para fechar a matéria, será mais bem desenvolvida por meus colegas.


LEGADO SAINT SEIYA


        Não se trata de desmerecer, mas ver as sagas com legião de fãs recebendo pouca ou nenhuma atenção e Diego Maryo ganhar mais destaque que as próprias obras originais achei um tanto tendencioso. Não que ele não contribua para a série. Afinal, há diversos autores anônimos que contribuem igualmente com histórias alternativas e artes visuais e sonoras que mereciam tanto destaque quanto. O que dizer de tantas fics postadas em canais como Fanfiction.net, Nya!Fanfiction e SocialSpirit com Saga de Ares, Gaiden de personagens originais da série ou de criação de seus autortes, live-actions?

        Uma página comentando sobre o trabalho de Diego Maryo seria suficiente, ou mesmo uma entrevista, mas duas páginas de matérias foi mais conteúdo do que falando das séries da franquia Saint Seiya sem qualquer informação relevante.