EXCLAMAÇÃO DE ATHENA: A ÚNICA ALTERNATIVA?

22/04/2013 23:33

Exclamação de Athena: A Única Alternativa?

Por Lucas Saguista

 

    Sempre achei impressionantes as incontáveis discussões geradas pelos fãs no decorrer das décadas acerca do universo de Saint Seiya. Não é para menos, a “Magnum Opus” de Masami Kurumada, além de ter uma margem incontável de incoerências, que possibilitam e fomentam as discussões, também tem um espaço especial na memória da maioria dos fãs que gostam da troca de idéias. Entretanto, em razão da existência de tantos furos de roteiro e incoerências gritantes deixadas pelo autor, que os pontos de vistas a respeito de um mesmo assunto, por exemplo, são muitos e tornam-se insustentáveis à medida que os apreciadores da série não conseguem chegar num consenso.

         Entre tantas das questões deixadas sem respostas ou explicações pelo autor há uma, em especial, que abordarei nessa matéria com o intuito de desmistificar uma péssima interpretação de uma determinada batalha assim como esclarecer dois pontos importantes de duas complexas técnicas. Portanto, essa matéria discutirá os motivos da escolha da “Exclamação de Atena” como único recurso aceitável para a vitória da trindade sobre Shaka de Virgem e tirar a imagem criada pelos fãs que Shaka só pode morrer para essa técnica como se fosse apenas possível mata-lo através da mesma.

         Antes de tratarmos do assunto principal precisamos antes nos lembrar das passagens onde Shaka de Virgem ativa sua técnica mais poderosa - o Tesouro do Céu – e explica todo o funcionamento desse ataque.

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Trecho retirado da edição número 17 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

    Como acompanhamos acima, Shaka de Virgem explica brevemente as conseqüências daqueles atingidos por seu golpe e, em seguida, abre os olhos liberando toda a energia acumulada de uma única vez. Apartir desse momento a única maneira possível para reverter essa situação seria superando o Tesouro do Céu, em outras palavras, superando completamente o cosmo de Shaka. Entretanto, não é uma matéria tão fácil na prática como na teoria, porque Shaka acumula muita energia com a privação da visão e isso lhe da uma vantagem definitiva contra o adversário. Tendo uma reserva cósmica acumulada unicamente para a execução dessa técnica, ele não só garante o sucesso na realização da mesma como se previne também a longo prazo do adversário, por alguma sorte, superar seu cosmo cancelando no processo seu último recurso.

    Na obra, a estratégia recorrida por Ikki de Fênix foi justamente à mesma usada pelo Cavaleiro de Virgem, ou seja, permitiu, através do Tesouro do Céu, a extração de seus seis sentidos para usar do mesmo recurso contra Shaka. Apartir do momento em que superou o cosmo do Cavaleiro de Virgem, os valores se inverterem e aquele que ficou sem ação fora o próprio Shaka.

 

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Trecho retirado da edição número 17 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

    Possuindo a compreensão da complexidade dessa técnica e suas exigências para seu funcionamento bem sucedido, nos voltamos, então, para a situação gerada no jardim onde Shaka conseguiu capturar seus oponentes em sua técnica derradeira. “É o ataque mais poderoso do Cavaleiro de Virgem! Tesouro do Céu! Como vocês sabem, esse golpe é ofensivo e defensivo! Agora, os três não podem atacar nem fugir!” – Por Shaka de Virgem, na edição brasileira vol.36, Sob as Árvores Gêmeas! Como podem constatar, não existe nenhum tipo de alteração na explicação do golpe e seu funcionamento, entretanto, dessa vez Shaka faz uma importante ressalva:

 

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Trecho retirado da edição número 36 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

         Como podemos acompanhar nos trechos destacados, Shaka de Virgem afirma que apartir daquele momento a trindade não tinha mais possibilidade de vencê-lo, afirmativa a qual entra em conflito com seu comentário momentos antes de usar o Tesouro do Céu, onde reconhece que não tinha mais condições de prosseguir com uma batalha da qual poderia morrer a qualquer momento. Então, como a conversa muda totalmente de figura de um instante para o outro? A resposta se encontra justamente na própria teoria do Tesouro do Céu.

         Apartir do momento em que Shaka aciona seu ataque é liberado completamente todo o cosmo acumulado de uma vez e supera individualmente e de maneira definitiva os cosmos de seus adversários. Embora a técnica de Shaka consiga afetar o coletivo seus efeitos são individuais e restringe individualmente os cosmos de cada um dos renegados. Tendo sucesso em sua técnica, assim, não só garante o domínio da batalha como o controle de toda a situação que até instantes atrás não tinha.

    Quando afirmou que só existia uma única maneira de derrotá-lo naquele momento, Shaka teria esquecido sua derrota contra Ikki de Fênix? Evidente que não! Na realidade, a forma era praticamente a mesma, só apenas sofria uma pequena adaptação, mas era exatamente a mesma coisa. Em sua luta na Casa de Virgem, Ikki estava batalhando sozinho, havia entendido que não poderia contar com a ajuda de seus companheiros, no entanto, sabia que eles sobreviveriam caso viesse a morrer e salvariam Athena. Consciente principalmente que seus companheiros continuariam sua missão, Ikki se deixa privar de seis sentidos e consegue reverter à situação a seu favor mesmo que se sacrificasse no processo. No caso da Trindade, a situação era completamente diferente: Só podiam contar com seus poderes, pois não havia outros que pudessem continuar sua missão caso falhassem. Não tinham como usar do mesmo recurso de Ikki, porque precisavam subir as Doze Casas e enfrentar a resistência dos outros Cavaleiros de Ouro. E, naquele caso em especial, não tinha mais tempo! Quando foram desmascarados em Virgem, já tinham menos de 6 horas para concluir sua missão, do contrário, voltariam ao pó. Foi justamente por esse motivo que Shaka insinua a Exclamação de Athena para a trindade, pois, era o único recurso que poderiam usar para superar o Tesouro do Céu.

    Querem ver? Vamos à teoria da Exclamação de Athena: “Exclamação de Athena! Esse golpe, que emana da união de três cavaleiros de ouro, concentra o máximo de poder ofensivo em um único ataque! Essa força destrutiva, em pequena escala, equivale ao Big Bang que deu origem ao nosso universo. Por isso, Athena proibiu o golpe desde a Antigüidade é por isso que ele também é conhecido como golpe sombrio.” Sempre existem muitas teorias a respeito dessa parte da série, pois, em teoria, Saga, Shura e Camus não poderiam atacar nem se defender por causa da imposição do Tesouro do Céu, no entanto, para utilizarem a Exclamação de Athena bastava queimarem os cosmos ao máximo num único ponto. Individualmente, tanto Saga, como Shura e Camus não teriam êxito contra Shaka, pois estavam sob influência da técnica dele. O único meio que poderiam recorrer para se livrarem daquela situação sem saírem do campo de batalha nas mesmas condições de Ikki era através do uso da Exclamação de Athena, pois, apartir do momento que queimassem seus cosmos ao máximo num único ponto acabariam superando o cosmo de Shaka, conseguindo com isso, superar sua técnica (Tesouro do Céu) e vencer a batalha.

    Ainda que tenham saído em péssimas condições daquele combate, dada à hesitação de Shura e Camus pelo uso da técnica proibida, sua utilização só se fez necessária pela situação gerada pela imposição do Tesouro do Céu, diferente das “situações” geradas por muitos fãs que afirmam que Shaka só pode ser derrotado única e exclusivamente para a Exclamação de Athena. Ou seja, havia sim, outros meios para vencer Shaka – como foi o caso de Ikki -, entretanto, naquele momento em particular, dado a situação apresentada acima, a maneira mais eficiente seria através do uso da E.A, muito mais pela imposição da técnica de Shaka (dado os efeitos os quais impediam ataques e defesas) do que pela técnica em si (onde muitos acreditam até hoje ser o único modo de matar o virginiano).