ANÁLISE DO EPISÓDIO 1: A VIDA QUE SEIYA SALVOU!

01/03/2013 11:29

A VIDA QUE SEIYA SALVOU!

Por Lucas Saguista

 

        Apesar de Saint Seiya Ω ser uma história tão fantasiosa e contraditória que coloca qualquer similaridade com o universo de Cavaleiros do Zodíaco em dúvidas, não serão discutidos aqui fragmentos da história dessa série. Essa não é a proposta dessa Análise, onde a injustiça realmente se encontra no meu dever de avaliá-la e não ela por si só – afinal, essa série não se defende em absolutamente nada. Discutirei e levantarei apenas tópicos e pontos que entrarem em divergência diretamente com as obras pioneiras induzindo você, caro leitor, a fazer uma avaliação pessoal e refletir a respeito do que se deve ou não considerar uma obra autêntica sobre Saint Seiya.

 

Nota do Autor

  • Questão da Barreira das Casas e Invasão Adversária

   

        Apesar de praticamente todos os acontecimentos relacionados sobre Saint Seiya Ω serem dignos de retaliação, devido às incoerências com as séries pioneiras do universo de Saint Seiya, reconheço que a invasão inicial de Mars no Santuário foi, ao menos, tolerante. Tolerante no sentido de que a equipe de roteiristas teve pelo menos o cuidado de colocar uma resistência da Barreira das Casas a investida adversária e tentativa de invasão inimiga. Evidentemente que esse acontecimento em especial é responsável por uma série ilimitada de discussões que são passíveis de boas horas de pesquisa e, justamente pensando nisso, que as tratarei nessa oportunidade para um melhor esclarecimento de dúvidas.

 

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Trecho retirado da edição número 35 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        Como explicado por Aiolia de Leão sobre a suposta hipótese de ultrapassagem das casas do zodíaco através de dons sobrenaturais, qualquer tipo de invasor que esteja no território das 12 Casas é obrigado a fazer passagem a pé e, consecutivamente, enfrentar a resistência da hierarquia mais poderosa a serviço de Athena: Os Cavaleiros de Ouro. Isso não é novidade para a maioria dos fãs de Saint Seiya, porém, quem disse que essa análise está sendo investida para esse público? Em Saint Seiya Ω, infelizmente, não veremos esse tipo de cuidado minucioso com a obra mãe, portanto, a comparação é inevitável para o melhor entendimento de ambas as séries e públicos.

        Dentro dessa temática, então, procurarei explorar dois tópicos importantes para a conclusão dessa questão da invasão de Mars, para melhor entendimento do conteúdo e dos acontecimentos desse primeiro episódio.

 

  • Incoerências com a “regra”

 

Mesmo para Mu, que possui poderes telecinéticos poderosos, é impossível teleporta-se para outra casa sem passar pela anterior. Isso por que o cosmo de Athena envolve e sela o Santuário desde os tempos mitológicos. Todo aquele que pretende atravessar as 12 casas não tem outra opção a não ser atravessá-las a pé. Isso também inclui aqueles com poderes extras sensoriais.” – Por Aiolia de Leão, episódio 122, Momento de Hesitação. 

 

        Como mostrado na recapitulação, a lei é clara e inquestionável, contudo, existem algumas “exceções”, por assim dizer, para tal imposição. Afirmo isso pelo fato de existir alguns cavaleiros com poderes capazes de “driblar” essa constante.

        Em Saint Seiya Clássico, houve (e não foram poucas) algumas dessas contradições a “regra”, onde alguns dos Cavaleiros de Ouro conseguiam evitar (sem maiores problemas) a Barreira das Casas. Ainda no mais famoso arco de Saint Seiya Clássico, A Batalha das 12 Casas, nós tivemos a oportunidade de conhecer algumas dessas “exceções à regra” (no original, furo de roteiro).

        Na tentativa de ultrapassar a terceira Casa, Shun de Andrômeda e Hyoga de Cisne foram assaltados por Saga de Gêmeos (a distância da Sala do Mestre) e, num dos embates, foram enviados para uma Outra Dimensão. Como explicado no mangá do Episódio G (Volume 3), essa técnica é capaz de distorcer o espaço e abrir as portas para uma Outra Dimensão. Diferente de Shun, que conseguira evitar ser tragado para os confins daquele espaço/tempo, Hyoga fora capturado.

 

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Trecho retirado da edição número 15 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        No entanto, ao final daquela batalha, descobrimos que Hyoga de Cisne acabara pausando na Casa de Libra, onde fora derrotado por Camus de Aquário. Até hoje, reina uma dúvida nessa parte: Fora Saga de Gêmeos (lado bom) quem retirou Hyoga de Cisne da Outra Dimensão, ou fora Camus de Aquário que o fizera? Enfim, essas dúvidas jamais foram sanadas, mas uma coisa é fato: A técnica da Outra Dimensão se mostrou capaz de driblar a Barreira de Casas e a famosa regra da invasão pelas Casas. Essa foi umas das primeiras contradições encima da regra de passagem pelas casas, explicada por Aiolia, onde era obrigatório atravessa-las a pé mesmo para aqueles com poderes especiais.

        Máscara da Morte de Câncer também é um desses guerreiros a possuir uma técnica capaz de evitar (como se nem existisse) a Barreira das Casas. As Ondas do Inferno tem a capacidade de enviar, não somente o espírito da vítima (dependendo do caso, o corpo também), mas o usuário da técnica para o Yomotsu Hirasaka. Veremos a frente que essa técnica possui outros artifícios e singularidades que não se restringem somente a colina do mundo dos mortos, aguardem.     

 

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        Para finalizar a parte envolvendo a Barreira das Casas da parte Clássica, outro momento ímpar não podia deixar de ser selecionado e trazido para essa análise: O teletransporte de Shaka de Virgem e Ikki de Fênix de uma dimensão estranha a Casa de Virgem. Antes que você, caro leitor (a), duvidasse da análise desse tópico, fiz questão de colocar outro artifício para mostrar e provar que nenhuma regra de Saint Seiya de Masami Kurumada é impassível de contradição ou “exceções” a regra (para mim, furo de roteiro).

        Em Saint Seiya - The Lost Canvas, a autora Shiori Teshirogi, explorou uma particularidade da técnica Outra Dimensão, como citado acima. Nada que não esperávamos experimentar conhecer, uma vez que tivemos uma demonstração na Casa de Libra, ainda assim, tivemos outra grande novidade: Defteros de Gêmeos invadiu o Templo de Athena através da Outra Dimensão para salvar Dohko de Libra de Kagaho de Benu. Algo totalmente inédito e inesperado que demonstra que a Barreira das Casas não é algo tão imponente como afirmavam ser.

 

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Trecho retirado da edição número 4 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas Gaiden” lançado pela editora JBC.

 

        Outra característica ímpar da técnica das Ondas do Inferno também foi explorada em Saint Seiya – The Lost Canvas, quando Don Ávido, ex-aluno de Hakurei de Altar e líder da Nero, invade o Templo do Grande Mestre. Não seria uma questão de contradição ou violação de uma regra conservada e infringível desde a obra clássica, pois sempre alguns pontos estiveram em aberto nesse contexto da Barreira das Casas. Começando pela própria obra mãe.

 

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Trecho retirado da edição número 4 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco - The Lost Canvas Gaiden” lançado pela editora JBC.

 

        Em outras palavras, dependo do nível da técnica e da singularidade da mesma, pode-se facilmente evitar a existência da Barreira das Casas, seguindo essa base apresentada por duas das séries pioneiras. Claro, obviamente, boa parte desses acontecimentos (bem ou mal) se passou dentro ou próximo do território das 12 Casas. Então, sem mais delongas, vamos para as duas investidas externas, incluindo um novo fator: divindades, em meio a isso. Acompanhem-me para ao segundo tópico dessa intrigante temática.

 

  • Invasão Divina

 

        Bem diferente de invasões comuns, onde exércitos guerreiam e combatem arduamente os Cavaleiros de Ouro para chegarem ao Templo de Athena, quando o invasor é um deus, a coisa muda totalmente de contexto. Muda no sentido que, das duas séries onde houve invasões divinas (Saint Seiya - Episódio G e The Lost Canvas) os meios foram totalmente adversos ao esperado.

 

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Cena retirada da 8ª edição do Episódio G, distribuída pela Conrad Editora.

 

        Em Episódio G, Cronos simplesmente atravessou as 12 Casas com sua imponente figura mitológica direto para o templo de Athena, sem maiores problemas. Quero deixar registrado aqui meu ponto de vista, onde acredito que essa foi à primeira incoerência ao Clássico. Megumu Okada, autor de Episódio G, poderia muito bem ter ao menos colocado Cronos tentando ou simplesmente vencendo a barreiras das casas para mostrar essa defesa singular do Santuário, mas não. Simplesmente ignorou completamente esse recurso. Será que achou que, por ser tratar de um deus, Cronos não precisaria enfrentar tal artimanha da deusa da guerra? Não sabemos, mas fica aqui, registrado meu ponto de vista e mais uma passagem de uma invasão bem sucedida.

        Diferente do Episódio G, em The Lost Canvas a coisa mudou de figura pelas mãos habilidosas de Shiori Teshirogi (elogio mesmo, e aí?).

 

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Cena retirada do capítulo 42 de Saint Seiya The Lost Canvas, distribuída pela JBC.

 

        Alone destruiu completamente a barreira reforçada por Sasha no Santuário e começou uma sucessão de ataques ao local. Não somente conseguiu invadir facilmente o território das 12 Casas como também impôs uma pressão esmagadora sobre os Cavaleiros de Ouro, chegando sem maiores problemas ao Templo de Athena. Chegando nesse ponto que creio ter ficado estabelecido que a Barreira das Casas sirva somente para deter invasões de exércitos, porém, já se mostrou totalmente inútil contra deuses.

        Por isso comentei acima que a invasão de Mars foi algo tolerante (uma das poucas coisas que se pode dizer “tolerante” em Ω, ainda mais no primeiro episódio) e aceitável. Pelo menos, ficou registrado que a Barreira das Casas se mostrou existente em Saint Seiya Ω e, mesmo que parcamente, impôs uma resistência a invasão inimiga.

 

  • Questão das Armaduras de Ouro: Dos Elíseos ao Ω

 

        Antes de tratarmos de um assunto um tanto polêmico como a resistência de uma Armadura de Ouro (que está sendo bem ignorada nessa série chinfrim), outro tema, - que se quer fora mencionado no decorrer dos episódios de Saint Seiya Ω - que é sobre a Saga de Hades, será recapitulado para compreensão geral. Precisamente sobre o final da batalha dos Campos Elíseos e suas drásticas conseqüências. Acompanhem o trecho a seguir, retirado da Enciclopédia “Cavaleiros do Zodíaco”, lançada pela Conrad Editora.

 

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        Como pudemos observar no trecho acima, as cinco Armaduras de Ouro enviadas pelo poder de Poseidon para auxiliar os cavaleiros nos Campos Elíseos foram totalmente destruídas. Mais que destruídas, essas cinco armaduras douradas foram reduzidas a pó. Aqueles que acompanharam o mangá (e até a animação, mais porca que essa série do Omega) puderam perceber que o único que restaurava as armaduras – Mu de Áries – já estava morto e seu discípulo (Kiki) nunca demonstrou possuir tal conhecimento. Para intensificar ainda mais essa situação desesperadora os Elíseos ruíram com a queda de Hades.

 

Trecho retirado da edição número 47 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        Nesse momento surge a famosa questão: Quem passou com uma pá e uma vassoura para juntar os cacos (quase inexistentes, uma vez que as armaduras foram pulverizadas) das Armaduras de Ouro? Quem conseguiu restaurar as lendárias Armaduras de Ouro se o único a conhecer a técnica de restauração já havia morrido? Outra questão intrigante envolve a sobrevivência de Seiya de Pégaso. Apesar dos esforços do “Mestre” – Masami Kurumada – em afirmar que a espada de Hades não atingiu o coração de Seiya (embora no mangá clássico ela tenha sido afundada no peito do cavaleiro e o mesmo tenha morrido), como ele sobreviveu? Qual foi a desculpa? E a maldição imposta pelo deus dos mortos a todos aqueles atingidos por sua espada? Essas são as questões que não foram ao menos comentadas – tão pouco citadas - em Saint Seiya Ω. Não vou nem puxar o lance das promoções (fator que nunca fora citado na obra mãe), porque aí vou desanimar de vez.

        Ficando alheio a esses temas complexos – que não serão comentados nessa série, muito provavelmente, por incompetência e desleixo da equipe – tratarei aqui uma parte pertinente, até mesmo para uma série de enredo e contexto pobre como essa: A resistência das Armaduras de Ouro. Muito mais intolerável que qualquer uma das partes citadas acima que foram ignoradas e deixadas soltas é a questão da resistência indubitável das Armaduras Douradas. Na segunda edição do mangá de Cavaleiros do Zodíaco Episódio G, temos uma breve, mas consistente, explanação a respeito das armaduras:

 

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Cena retirada da 2ª edição do Episódio G, distribuída pela Conrad Editora.

 

        Como afirmado nesse trecho do Episódio G Vol.2, mesmo sofrendo incontáveis ataques de um deus, a Armadura de Ouro se manteve intocável. Intacta. Mesmo para a “presa do leão” (um dos punhos da armadura de ouro) quebrar, foi necessário que o combate evoluísse e atingisse o clímax. Ainda assim, ela apenas ficou em partes danificada, mas de longe, foi completamente destruída como o braço da armadura de ouro de sagitário em Saint Seiya Ω.

        Saint Seiya Ω passa uma nítida impressão que as Armaduras de Bronze possuem uma resistência muito maior que as armaduras de hierarquia superior, impressionante. Com apenas um ataque, o braço da armadura de sagitário fora completamente pulverizado, no entanto, o braço de Seiya se manteve intacto. Em The Lost Canvas, quando Radamanthys de Wyvern destrói completamente a proteção do braço da armadura de ouro de escorpião, o resultado não podia ser diferente.

 

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Cena retirada do capítulo 107 de Saint Seiya The Lost Canvas, distribuída pela JBC.

 

        Como resultado por ter destruído a proteção de um dos membros da armadura, o braço de Kardia de Escorpião ficara em frangalhos. É evidente que esse deveria ser o mesmo resultado com o braço de Seiya, no entanto, a equipe dessa série deve acreditar que o braço de uma pessoa é mais resistente que uma armadura capaz de suportar o poder de deuses. Essa falta de cuidados e esses relapsos serão alvos ainda de muitas represálias. Infelizmente, essa série está distante de terminar, então, em breve teremos mais dessas contradições chocantes.

 

  • Treinamento e Resultado

   

        Diferente dos treinamentos elaborados por Masami Kurumada e Shiori Teshirogi para os respectivos “Pégasos”, o treinamento de Kouga não passou de um verdadeiro xérox mal copiado. Novamente, assim como no Clássico, temos um aspirante a armadura de bronze de Pégaso desinteressado nos treinos, com a única diferença que “Mestre” buscou enfatizar o treinamento do protagonista no decorrer da obra, coisa que nem isso aconteceu em Saint Seiya Ω.

        Embora tivessem seus motivos, a equipe do Ω falhou miseravelmente em diversos pontos vitais do universo de Saint Seiya, começando por algumas questões do próprio desenvolvimento do aspirante a cavaleiro. Nas obras pioneiras, alguns requisitos eram básicos para o aspirante a cavaleiro participar de um torneio, enfrentando outros aspirantes, até vencer todos e receber a permissão do Grande Mestre para se sagrar a Cavaleiro. Um desses quesitos era sentir o “cosmo”, que dava possibilidades do futuro cavaleiro abrir fendas no chão com seus chutes e rasgar os céus com seus socos. Infelizmente, para quem estava destinado a ficar com a armadura de Pégaso, Kouga não possuía em mãos nenhum desses fatores.

        Apartir dos 07min29seg do primeiro episódio dessa série vimos à tentativa inútil do nosso protagonista em quebrar um pequeno rochedo. Como estava em treinamento, até essa altura dos acontecimentos, não havia problema algum em tentativas vãs. O problema real e a maior contradição acontecem do meio para o final do episódio onde não somente Kouga desperta a Armadura de Pégaso como também consegue desferir os Meteoros de Pégaso. Para entenderem melhor essa terrível contradição, acompanhem os trechos a seguir.

 

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Trecho retirado da edição número 2 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        Como acompanhamos no trecho acima, onde Seiya relembra em meio seu combate contra Geki de Urso os ensinamentos de Marin, percebemos que apesar de esforçado, nosso protagonista clássico era bem desinteressado. Esse ponto foi mal e parcamente explorado em Ω – como se fosse uma regra Kouga também ter de seguir o modelo -, contudo, se uma maneira negativa. Negativa, porque diferente de Seiya que já dominava as técnicas de combate com perfeição, já conseguia quebrar rochas e sentir o cosmo, esse aspirante, entretanto, não conseguia fazer absolutamente nada. Essa incapacidade vai se tornar um fator complicador no final desse episódio e no decorrer da série, uma vez que o mesmo não queria nem se tornar um cavaleiro.

 

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Trecho retirado da edição número 1 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        Indiscutivelmente, esse é um dos tópicos mais abordados em todas as obras de Saint Seiya, onde acompanhamos treinamentos de aprendizes. Como já é de praxe, todos os protagonistas que ambicionam a Armadura de Pégaso têm uma dificuldade inicial em conseguir compreender a essência do cosmo. Embora esse processo aconteça inicialmente, torna-se somente mais um obstáculo a ser superado no decorrer do árduo treinamento, entretanto, isso não aconteceu em Ω. Kouga não se desenvolveu – talvez pelo motivo de não quiser se tornar um Cavaleiro – e não conseguiu dominar ao menos uma parte de seu cosmo, razão pela qual não destruiu o rochedo.

        Ainda no trecho em questão, vemos a repetição de acontecimentos como Marin ensinando a essência do combate dos cavaleiros, assim como Shina também tentou transferir para seu discípulo desregrado tal conhecimento. Será que os roteiristas de Saint Seiya Ω atentaram para esse minucioso cuidado? Se houvessem ao menos acompanhado a obra mãe e captado sua essência saberiam que essas fases são importantes no desenvolvimento do aprendiz para que, anos mais tarde, consiga dominar o cosmo e aprender sua técnica de combate.

        Em seu combate contra o gigante Cássios, Seiya é questionado sobre a essência do cosmo e, nesse momento, simboliza as treze principais estrelas da constelação de pégaso com as mãos antes do clímax: Os Meteoros de Pégaso. Tudo isso graças a anos de treinamento, que foram sumariamente comprovados durante seu combate contra Cássios. Em Saint Seiya Ω a maior das contradições – quase uma violência contra o clássico – aconteceu, pois, Kouga que não dominara o cosmo e nunca se interessou pelos treinamentos vestiu a armadura de pégaso e ainda por cima desferiu a técnica principal dos cavaleiros dessa constelação. Perguntas encima disso não adiantarão, pois nenhum fora respondida. Ao menos insinuaram qualquer tipo de explicação, só me pergunto como alguém que não queria se tornar cavaleiro e nem dominara as técnicas de combate conseguiu trajar a Armadura de Bronze e desferir os Meteoros de Pégaso.

 

  • Descaracterização da Obra

   

        Uma das características de Saint Seiya são as estátuas em formatos das constelações e as Caixas de Pandora, tanto que em Saint Seiya – The Lost Canvas e Saint Seiya – Episódio G se manteve essas particularidades da obra. A extração desses elementos e substituição pelas “Clothstones” é tão grave, que seria como retirar as esferas do dragão da série de Akira Toriyama ou as pokebolas da série de Pokémon.

        Diferente de todas as novas obras relacionadas ao universo de Masami Kurumada a que mais se distanciou e desrespeitou as raízes, até o momento, está sendo Saint Seiya Ω, uma verdadeira tragédia, já que esta deveria captar novos fãs e apreciadores da obra.

 

  • Falha Técnica

 

        Não podia deixar passar algo tão atroz como o erro a seguir, que mostra a desatenção e o desinteresse dos roteiristas para com a obra de Saint Seiya.

 

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        Com isso encerro a análise de Saint Seiya Ω episódio 1, que só entre nós, foi um verdadeiro abacaxi. E para não perder a marca, fica a frase: O Episódio foi tão contraditório que qualquer similaridade com Saint Seiya é mera coincidência!