EPISÓDIO 3 - SAINT SEIYA GX

02/06/2012 22:02

Saint Seiya GX

Por Julian VK

 

Estou feliz por você estar com a gente!
A galera da escola é quente!
De volta à classe nos vamos ter...
Uma parada difícil para resolver!
Você vai... me ajudar!
Se a parada é difícil.
Vamos... encarar!
Yu-Gi- espere...


        Isso não era pra ser Yu-Gi-Oh! GX, mas sim Saint Seiya Omega. Mas sinceramente, só faltou uma partida de monstros de duelo, porque o tempo todo eu me sentia vendo um episódio de YGO GX. Quem já assistiu sabe porque eu fiz essa comparação.

        Nunca pensei que chegaria o dia em que cavaleiros vestiriam uniforme (e um uniforme mesmo, não aqueles protetores de couro) e iriam a uma escola. E, para nossa surpresa – ou não –, incluíram até aqueles personagens padrão de anime “escolar”, como a garota linda que não dá bola pra ninguém (exceto o protagonista), o valentão babaca que anda por aí com seus capangas e o professor rígido que no fundo é bondoso.

        Ainda resta alguma dúvida de que esse anime foi voltado totalmente ao público adolescente? Os fãs antigos que se adaptem! O negócio aqui é fazer com que a garotada se identifique e que jeito melhor de fazer isso do que colocar os cavaleiros numa escola? Mas acho que poderia ser pior, se fossem seguir essa lógica tendo em mente os fãs antigos provavelmente veríamos Shiryu indo trabalhar em um escritório, protegendo Athena depois do expediente e levando o filho e a mulher pra passear no final de semana.

        Mas não vamos nos afobar. O episódio começa com uma rápida luta entre Kouga e a nova personagem: Yuna de Águia. E eu devo confessor que nunca vi algo tão ridículo numa luta quanto a amazona dando “tapinhas” na cara do inimigo. Não foi como o bitch slap de Ikki que quase deslocou a mandíbula da Pandora. Foram dois tapinhas de nada! Yuna, por que diabos você fez aquilo? Tá certo que a sua armadura te faz parecer uma amazona patricinha, mas francamente...

        De toda forma, aquilo era apenas um teste para garantir que Kouga era digno de entrar em Palaestra. Faz sentido? Não, não faz. Até o presente momento tudo leva a crer que Souma não foi procurar Kouga, o que significa que eles não estavam esperando a chegada do Pégaso. Como armaram aquele teste então?

        Sentindo a presença dele? Improvável, já que a própria Yuna disse que não sentia nenhum cosmo emanando de Kouga. Então como? Como eles adivinharam que viria um cavaleiro novato?

        Se você perguntar para algum dos roteiristas provavelmente a resposta será “Ah, Yuna previu que isso aconteceria.”, mas apenas se o cara for inteligente. Por sorte inventaram essa história de que a amazona de Águia pode ler o futuro nas estrelas, mas é evidente que nem sequer pensaram em justificar como souberam da chegada de Kouga.

        Bastava incluir uma cena de 5~10 segundos no final do segundo episódio com Yuna dizendo “Eu sinto que um cavaleiro está chegando a Palaestra juntamente com Souma.” Mas nãããão, simplesmente colocam ela e o Geki esperando na entrada do local, como se eles fizessem isso o tempo todo, e os fãs que pensem numa explicação. Total descaso com o roteiro.

        Logo depois conhecemos um cara chamado Spear que é o clichê do clichê. Você já o viu antes, com toda a certeza, porque essa raça prolifera nos mangás e animes japoneses. Sim, estou falando daquele babaca que sempre anda com um monte de lacaios e faz pouco caso dos outros. Eles aparecem normalmente nas séries que se passam em escolas, mas ocasionalmente são vistos naquelas com temáticas diferentes.

        Eu me pergunto como o Santuário permite que um babaca dessa estirpe se torne cavaleiro. Mas se considerar que deixaram até mesmo o Máscara da Morte vestir uma armadura de ouro, não dá pra esperar muito do controle de qualidade do Santuário.

        Outra coisa que chamou minha atenção é o fato de que o vice-diretor (ou seja lá qual o cargo daquele cara) fala que em Palaestra são treinados cavaleiros de bronze. Sendo assim... por que Yuna usa uma armadura de prata? Ou será possível que chegaram até mesmo ao ponto de mudar uma armadura de prata o nível bronze? E o que houve com Marin? Foi promovida? Quero ver explicarem essa...

        Em seguida vemos algumas cenas sobre as quais eu não vejo necessidade de comentar. O próximo acontecimento interessante é o momento em que Kouga conversa com Yuna, questionando o fato de ela usar uma máscara e a garota demonstra o quanto detesta essa lei retardada. O estereótipo da garota jovem que questiona as regras que as mulheres são obrigadas a seguir não é nenhuma novidade, mas a verdade é que nunca vimos uma amazona em Saint Seiya que detestasse usar aquele treco. Então creio que seja perdoável.

        Lembro aqui que Yuzuriha usava a máscara só quando tinha vontade, mas nunca mostrou ser revoltada com a lei que a obrigava a usar uma.

        Depois vemos outra cena em que Spear comprova o quão babaca pode ser. Sério, isso está cada vez mais parecido com uma história de drama colegial do que com Saint Seiya. Não que eu seja contra isso – até porque um dos meus mangás favoritos é um shoujo de título “Karin” –, mas estamos falando de um anime shounen cuja temática é batalhas entre deuses mitológicos. Sério, parece que a equipe de SSΩ sente prazer em corromper as bases da série.

        Passando toda a lição de Kouga sobre “seguir seu próprio coração e não as leis que são impostas” finalmente temos a cena que todos estavam esperando: Yuna sentando a porrada no babaca do Spear. E eu devo dizer que essa garota realmente gosta de girar! Parece até o Suzaku de Code Geass...

        Como assim? Esse tempo todo o professor era o Geki? É verdade que estou fazendo uma análise “injusta”, mas neste momento eu devo um elogio. Algo que sempre detestei em séries que dão continuidade a outras é quando ocorre uma troca de protagonistas e nunca mais vemos os antigos heróis.

        Yu-Gi-Oh! GX, que eu já citei antes, é um excelente exemplo disto. Claro que certos personagens como Pegasus, Kaiba e os irmãos do labirinto (Para e Dox) deram as caras, mas e outros? Como ficam Joey, Marik, Bakura e os outros? Digimon também seguiu por esse caminho a partir da terceira temporada e nunca mais foram feitas referências aos digiescolhidos anteriores (pelo menos até onde eu vi).

        Enfim, é ótimo que estejam mostrando alguns dos personagens antigos, mas espero que não fiquem só nisso. Tenho certeza de que muitos gostariam de saber a situação dos outros sobreviventes e também de ver referências aos outros cavaleiros que lutaram na guerra santa anterior (não somente Seiya e os cavaleiros de bronze).

        Infelizmente o que aconteceu a seguir novamente lançou o episódio num abismo de falta de sentido. Em dado momento Yuna estava caída, praticamente vencida, e no seguinte ela tira sua máscara e usa um ataque extremamente poderoso, derrotando Spear. Nada mal, mas... o que tirar a máscara teve a ver com tudo isso? Por acaso ela é um artefato que enfraquece o cosmo de quem usa e nunca nos contaram?

        Francamente, isso foi mais do que estúpido. Se realmente queriam mostrar uma cena em que a garota enfrenta sua devoção cega às leis não seria muito mais convincente se Spear tivesse destruído a máscara dela e Yuna tentasse lutar escondendo o rosto com as mãos?

        Sem contar que não havia a mínima necessidade de fazer a garota se torcer toda só para usar um ataque. Na verdade não havia sequer necessidade de colocar uma saia na armadura de águia, mas eles não conseguem evitar uma chance de encher uma personagem de “zazz”.

        Pobre Yuna, tornou-se mais uma vítima do roteiro e da necessidade de tornar o anime atrativo...

        Depois disso nada mais a comentar, somente encheção de linguiça para completar o último minuto do episódio.

        Minha conclusão deste episódio? Que Saint Seiya + Colegial definitivamente não foi uma boa mistura...