EPISÓDIO 42: O CAVALEIRO DE OURO TRAIDOR! IÔNIA CONTRA KOUGA!

10/02/2013 21:46

Resenha do 42º episódio de Saint Seiya Ômega

Por Lucas Saguista

 

        Realizar qualquer análise sobre qualquer fragmento ou parte inteira sobre Saint Seiya Ω é uma verdadeira injustiça, afinal de contas, a série por si se condena. Não comentarei nessa análise o episódio em si – em outras palavras, a história -, pois isso não faz parte da proposta desta análise, portanto, se pretendiam ver a minha opinião a respeito disso previno que estarão perdendo seu tempo. Minha única função aqui será de apontar tópicos que entram em conflito com as obras do multiverso de Saint Seiya.

 

  • Divergências cronológicas

 

        Desde os tempos antigos, eu protegi as sucessivas gerações de Athena. Após cumprir meu dever como Cavaleiro da minha época, retirei minha armadura. E uma nova Athena nasceu neste mundo. Aquela criança que tinha um cosmo tranqüilo como jamais visto. Era o bebê, Saori Kido!” – Por Iônia de Capricórnio, no episódio 42, O Cavaleiro de Ouro traidor, Iônia contra Kouga!

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        Acredito que a maioria dos presentes deve ter acompanhado no mínimo o mangá original para saberem que os únicos sobreviventes da guerra santa contra hades (no caso, os guerreiros da geração do Lost Canvas) foram Dohko de Libra e Shion de Áries. Não é novidade, mas eu preciso enfatizar que nunca fora mencionado nenhum Iônia no clássico, muito menos algum personagem parecido no Episódio G. Simplesmente, não existia um Iônia que protegia a deusa desde os tempos antigos, muito menos por sucessivas gerações.

        Esse é um dos primeiros agravantes dessa análise. E olhem que nem ultrapassei ainda os quatro minutos desse episódio.

        Outro erro gravíssimo está nesse trecho: “Era o bebê, Saori Kido” – Fico me perguntando o que os roteiristas dessa série estão fazendo quando me colocam uma barbaridade dessas num anime que dizem seguir a série! O nome Saori Kido foi dado por Mitsumasa Kido, quando a recebeu de Aiolos de Sagitário antes de morrer. Este nome e sobrenome fora dado para a menina para escondê-la do Santuário de Saga de Gêmeos. Ou seja, a menos que Iônia tivesse o poder de ver o futuro e saber a identidade falsa da deusa, esse foi um dos maiores erros – e mais gritantes – que eu já constatei num trecho de conversa.

 

  • Prisão do Cabo Sunion

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        Na tentativa fracassada de tentar criar um motivo para o personagem Iônia de Capricórnio ter traído Athena, nossos roteiristas acabam novamente conflitando com outra parte importantíssima da série: A prisão dos rochedos do Cabo Sunion. Como sabemos – e acredito que não é novidade realmente para ninguém – Kanon fora aprisionado na prisão de pedras do Cabo Sunion por seu irmão Saga de Gêmeos. E como descobrimos na Saga de Poseidon, ele fora salvo inúmeras vezes pelo cosmo da deusa.

 

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Trecho retirado da enciclopédia de Saint Seiya, publicada pela Conrad Editora.

 

        Então, encontramos mais um questionamento nessa parte: Como pode Iônia ter se aprisionado na prisão do rochedo do Cabo Sunion, quando Saori ainda era uma indefesa criança, sem ter aparecido qualquer parte envolvendo (ou citando) Kanon se teoricamente estiveram presos na mesma época?

 

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        Outro detalhe importante é: Como Iônia sobreviveu durante tantos anos naquele local (e escrevendo livros Alá Chico Xavier)? Além da maré alta que inundava completamente a cela de pedra, que era um dos fatores que levava a morte os prisioneiros daquele local, também entram questionamentos como: Como arranjava comida? Como conseguiu tantos livros? Enfim, são tantas perguntas que até me cansa pensar... Uma coisa é certa, temos ali um verdadeiro rombo no roteiro.

 

  • Profundidade Superficial

 

        O desenvolvimento de um personagem vem através de sua construção e participação em uma história e não num único episódio as vésperas de sua morte. A equipe de roteiristas de Saint Seiya Ω, nesses últimos tempos, está tentando buscar (sabe-se lá para quê) desesperadamente trabalhar questões que envolvam a história e as crenças de todos os personagens que estão aparecendo neste arco das casas.

        Particularmente, acho irritante e ineficaz – ainda mais no “Final Lap” dessa tragédia – procurarem explicar todos os porquês de tudo quanto é personagem novo que aparece, numa tentativa desesperada de enriquecerem um roteiro já decadente. Um personagem se torna interessante e marcante no seu desenvolvimento e construção na série em que participa e não num único episódio sem eira nem beira. 

        Temos, como exemplo, o próprio Iônia (estrela desse episódio e análise), que durante uma série inteira se mostrou um traidor e, em sua última participação, tentaram fazer referência dele ao Shura de Capricórnio (da animação, evidentemente), que se dizia o mais fiel a Athena. Essa história toda de amor e admiração por Saori é a prova legítima do fracasso dessa equipe de roteirista, que não trabalharam esses valores no personagem Iônia no decorrer de toda a série.

 

  • Cavaleiros com valores (ideologias) distorcidos

 

        Sejamos francos, Cavaleiros com ideologias distorcidas, isto é, que acreditam lutar por uma causa quando na realidade agem totalmente ao inverso de suas crenças, chega a ser rotineiro no cotidiano do universo de Saint Seiya. Agora, tudo é uma questão de criatividade para não cairmos naquela mesmice de sempre. Infelizmente, Iônia entregar Saori a Marte para ser usada como refém (sua profissão de berço) com a desculpa de que não queria vê-la sofrer é um verdadeiro “clichezão” de dar dó. Até quando os roteiristas poderiam dar uma inovada, eles acabam falhando e entrando naquela maldição do clichê.

 

  • Sobre a questão dos ataques

 

        Como um dos maiores críticos da série de Masami Kurumada, reconheço que a obra pioneira está cheia de furos e incoerências por incapacidade (e preguiça) por parte do autor, contudo, temos que destacar alguns pontos - e reconhe-los - quando necessário. Apesar da simplicidade e superficialidade do roteiro de Saint Seiya, temos que convir que todos os ataques dos personagens da série eram devidamente explicados. Tanto que a famosa frase: “O mesmo golpe não funciona duas vezes contra um Cavaleiro”, provinha justamente da capacidade de observação destes guerreiros que, após compreender o funcionamento de um determinado ataque, este não seria efetivo numa segunda oportunidade.

        Em Saint Seiya Omega, no entanto, os roteiristas parecem desconhecer completamente esse detalhe. Golpes são desferidos e usados sem qualquer tipo de explanação ou coerência com a proposta de Saint Seiya.  

        Iônia de Capricórnio, por exemplo, é um destes indivíduos, pois possui ataques sem qualquer tipo de explicação elaborada. Começando que materializa um livro (da qual não sabemos absolutamente nada a respeito, uma vez que não sabemos se o poder de Iônia provém do livro ou não) e recitando algumas palavras como “Domination Language” e uma ordem em seguida, consegue ter total controle de sua vítima. Simplesmente não é informado ou comentado qualquer tipo de explicação razoável para o funcionamento desse tipo de ataque. As coisas em Saint Seiya Ω simplesmente funcionam dessa maneira aleatória e, infelizmente, uma das maiores heranças da obra mãe: “O mesmo golpe não funciona duas vezes contra um Cavaleiro”, caiu por terra, pois este tipo de regra não parece ser mais necessária neste novo enredo. Basta ter um elemento vantajoso ou ter um golpe mais potente para sobrepujar o do adversário e acabou por aí.

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        Como se não bastasse o livro maravilhoso, temos outra grande novidade: Iônia rejuvenesce e amplia seus poderes absorvendo (comendo?) as escrituras do livro. Aquela cena me lembrou muito a transformação do personagem Brolly de Dragon Ball Z em Super Saiyajin, pois os músculos dilataram de tal forma que o velho Iônia se transformou um verdadeiro Golias. Um gigante porradão com uma força extremamente apelona. E eu pergunto: O que tem a ver a absorção daquelas escrituras com essa cena grotesca? Outra explicação que não será apresentada... A única certeza que teremos é que por se tratar de um vilão perderá de um jeito ou de outro.

 

  •  A Armadura de Ouro

 

        Nem precisava comentar esse tipo de passagem, mas achei uma perfeita oportunidade para dar uma chacoalhada nos ditos fãs do Omega e ver se caem na real. Desde quando uma Armadura de Ouro é trincada por pulverizada por um golpe de um Cavaleiro de Bronze? Por acaso os roteiristas dessa calamidade pública leram sobre a resistência incomensurável das Armaduras de Ouro? Acredito realmente que não, uma vez que as Armaduras de Bronze estão se mostrando muito mais resistentes.

 

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        Realmente... Vendo Kouga destruir completamente a Armadura de Ouro de Capricórnio com um Cometa de Pégasus me faz até repensar se foi tão esplendido assim a destruição de cinco armaduras destas pelas mãos do Thanatos. (sarcasmo ON)

 

  • Reafirmação de Causa e Juramento

 

        Não podia deixar de comentar essa parte, pois, diferente da série clássica, onde os heróis reafirmam sua missão diante o testamento de Aiolos; estes o fazem diante a estátua de Saori. Temos novamente outra repetição de acontecimentos que chegam a beirar a cópia. Francamente, essa série deveria ser chamada de Saint Seiya Latino...

 

    Com isso, termino minha análise sobre o episódio 42 dessa série pavorosa. Não comentei outras partes do episódio por simplesmente fazerem parte da história. Apenas relembrando que meu objetivo nessa análise é procurar e escancarar a ausência de pesquisa e conteúdo por parte dos roteiristas, que acabam entrando em divergência com as obras pioneiras do universo de CDZ. Logo, não faria sentido ficar comentando minha opinião sobre o que acho ou deixei de achar a respeito do episódio.