EPISÓDIO 50: ALCANCEM SEIYA! EIS O DESEJO DOS JOVENS CAVALEIROS!

26/07/2013 15:57

Alcancem Seiya! Eis o desejo dos Jovens Cavaleiros!

Por Lucas Saguista

 

        Caros internautas, desculpo-me por não concluir as análises de Saint Seiya Ω com mais antecedência. Reconheço nosso descaso com a obra que “revitalizou a franquia” (riu), contudo, os acontecimentos de encerramento da história se mostraram desencorajadores e extremamente forçados, tanto, que cansei de acordar e dizer: “Hoje terminarei as análises!”, mas quando assisto os episódios, um sono acompanhado de um desânimo me abate de tal maneira que qualquer “mosca na sopa” é motivo para distração. Não sei se continuaremos com as análises da saga posterior, porque nenhum de nós, Canvetes, dispõe de um plano de saúde bom o suficiente para se tratar com um psiquiatra, então, não prometemos nada, mas, também, não descartamos a hipótese.

        Sei que todos conhecem o estilo das minhas análises. Normalmente, costumo fazer comparações e apontar as incoerências existentes no episódio tendo como base as obras pioneiras, entretanto, esses últimos episódios estão se mostrando desafiadores. Não estou conseguindo extrair elementos (não, não são os elementos cósmicos do Ômega) suficientes para a elaboração da análise final, então, abrirei uma exceção e compartilharei minha opinião pessoal na avaliação do episódio 51. Sei que resenhas normalmente são opinativas, porém, acredito que vocês, internautas, não estão interessados em saber a minha opinião sobre o episódio. Acredito que nosso público prefere uma análise contendo informações que apresentem conteúdo e discorde (quando necessário) da interpretação dos produtores dessa série, entretanto, como não estou dispondo de muitos elementos para levantar uma grande análise sobre o último episódio, registrarei, portanto, minha opinião sobre o mesmo para não passar a imagem de que a análise foi feita de qualquer jeito. Então, peço para que me acompanhem na penúltima análise de encerramento da animação de Saint Seiya Ômega: Saga de Marte. Em breve, lançarei a última análise para concluirmos nosso projeto.

 

  • Intercessão de Athena

 

    “Yuna... Yuna de Áquila! Eu estive vendo a batalha de vocês... Por todo esse tempo. Yuna, ainda há luz. Dentro do seu coração.” – Por Saori, no episódio 50, Alcance Seiya!

 

        Evidentemente que esse não foi um dos discursos motivacionais mais encorajadores já expressados por Saori, no entanto, pelo menos, essa individualidade da personagem foi mantida (ainda que no final da série) e trouxeram a tona nesse episódio (único e exclusivo). Interessante, que normalmente ela passou por apuros piores e mais provadores que esse e sempre interagiu com seus seguidores, fosse com conselhos (como os oferecidos na batalha das doze casas), fosse com intervenções definitivas (quando resgatou Shiryu da colina do Yomotsu), mas sempre se manteve presente. Infelizmente, em Saint Seiya Ômega, não constatamos encorajamento algum por parte de Saori, pelo contrário, encontrávamos uma base muito mais concreta para os cavaleiros do que algum acompanhamento, mesmo que a distância, por parte de Saori.

 

  • Coluna Cósmica

 

        Infelizmente, não obtivemos maiores informações na história a respeito do pilar de luz que drenava energia do planeta e distribuía para Marte, contudo, discutirei nesse momento a função destinada aos Cavaleiros Dourados. Assumindo uma formação para conter a destruição da coluna de luz, eles elevaram seus cosmos a níveis extremos, só que não foi explicado como eles conseguiram evitar a destruição do planeta. Impressionante que o maior estúdio de anime do mundo, que contem uma equipe especializada, sequer cogitou explicar logicamente como a destruição foi impedida. Deixaram janelas abertas para os fãs simplesmente se atirarem, afinal, não sabemos a explicação racional apresentada pela produção para o retardamento (ou impedimento) da destruição do planeta, apenas ficaram fragmentos expostos dando a entender o motivo, mas nada devidamente esclarecido.

 

  • Prometeu Acorrentado

 

        E no momento que tudo parecia perdido a grande revelação desse episódio surge para colocar ordem na bagunça: Seiya de Sagitário, totalmente tomado pela marca da maldição, porém, ainda assim, como a última barreira de Saori contra a ameaça de Apso. Apesar do retorno do herói ser o clímax do episódio (ou pelo menos deveria ser assim) as suas outras aparições na obra, no entanto, deixaram uma verdadeira “marca de dúvidas” na cabeça de muitos fãs. A ausência de explicações esclarecedoras são uma das características de Saint Seiya Ω, então, se tornou natural encontrar em fóruns algumas discussões acerca do destino do antigo Pégaso, já que sua explanação não foi muito convincente. Sem mais delongas, façamos uma releitura para descobrirmos algumas curiosidades interessantes a respeito dessa parte para juntarmos todas as peças desse mosaico.

        Como comentado acima, Seiya ressurge num momento crucial e se coloca como a última resistência de Atena ao desafiar Apso. Num discurso (“sem eira nem beira”), nos revela:

 

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    A voz esperançosa e a luz pura dessas almas jovens me acordaram das trevas do Marte[1]. Na minha luta contra Marte, eu mesmo pulei nas trevas para impedir a sua ressurreição, Apso[2]! Marte sabia que seria dominado pelo poder das trevas e que poderia acontecer dele mesmo se tornar o gatilho que o ressuscitaria[3]. Então, ele se preparou, pois previu que seu poder não seria suficiente... Após eu ter pulado na escuridão, ele me prendeu de forma que não seria consumido por ela. Para, caso alguém o superasse, pudesse conseguir me alcançar com a luz da esperança.Por Seiya de Sagitário, no episódio 50, Alcancem Seiya!

    Tópicos importantes que não podemos dispensar antes de analisarmos a situação por um todo são:

  • Se Seiya estava numa espécie de “coma” ou animação suspensa, como conseguiu se manifestar em cosmo para a equipe de Kouga? Como ele mesmo afirma na fala [1], ele estava adormecido, então, como conseguiu intervir tantas vezes na série?
  • Seiya entrou na escuridão, pois previu o ressurgimento de Apso [2]. Contudo, quais fatores contribuíram para o retorno desse deus, já que Seiya percebeu sua existência e partiu para impedi-lo?
  • Se Marte sabia da existência de Apso [3], porque não tomou medidas para impedi-lo? E, se tentou, quais foram essas medidas? Como assim ele deixa Seiya como obstáculo para caso falhasse? Por que não confiar em alguém de seu próprio exército? Se bem que nem exército ele tinha, afinal, dependeu exclusivamente da traição do exército de sua rival.
  • E um dos maiores furos ainda nessa parte: Como Seiya conseguia criar uma imagem cósmica estando com a marca das trevas e adormecido? Se todo aquele, cuja maldição está impregnada no corpo, não consegue (e inicialmente nem podia) fazer uso do cosmo adequadamente e ainda pode morrer por causa dos efeitos, então, como ele conseguiu intervir através de imagens cósmicas?
  • Como Seiya conseguiu sobreviver por um longo período de tempo nas trevas sem ter morrido de desidratação ou desnutrição?  Como funcionava esse “selamento” (adormecimento) de Marte?

        Nem vou questionar sobre o crescimento de barba ou cabelo para não viajarmos demais, tudo bem? Só quis indicar com isso algumas pontas soltas, que devem ter incomodado muitos fãs assim como eu. Enfim, vamos recapitular as participações dele durante a história para refrescarmos a memória para, então, começarmos a reunir as peças soltas desse mosaico.

        A primeira manifestação cósmica de Seiya (em outras palavras, a primeira vez que interveio através de uma representação cósmica) foi ao final do primeiro episódio, quando Kouga trajou a Armadura de Pégaso para enfrentar Marte. Como antecessor da Armadura de Pégaso, Seiya instruiu e orientou seu sucessor a queimar o cosmo para aplicar os Meteoros de Pégaso. Após esse episódio, só retorna no arco da Torre de Babel (episódio 10), onde enfrenta Marte para tirar os garotos de uma enrascada. Vale ressaltar uma observação realizada por Marte:

 

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        “Ainda te resta esse tanto de poder? No entanto, esse brilho já esta se apagando.” – Por Marte, no episódio 10, Determinação Recuperada! O Outro Cavaleiro de Ouro! Esse trecho: “No entanto, esse brilho já está se apagando” – nos denunciava que Seiya provavelmente estava morto.

        Essa suspeita veio ganhar forças no décimo terceiro episódio, quando sua imagem aparece nos céus diante o brilho da constelação de Pégaso num discurso de despedida e motivação:

    Jovens Cavaleiros, chegou à hora de confiar Atena a vocês! Acreditem em vocês mesmos e no caminho mostrado por suas constelações! Com seus poderes, salvarão Athena e derrotarão Marte. Sigam o caminho da luz!” – Por Seiya, no episódio 13, Uma mensagem de Seiya: Eu confio Atenas a seus cuidados!

 

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        Nesse momento, Marte comenta: “A última parte restante da luz de Seiya desapareceu deste mundo.” O que ficou subentendido? Logicamente, que nosso protagonista de guerras passadas havia descansado em paz de uma vez por todas e que confiaria seu legado a nova geração. Com seu retorno (episódio desta análise) muitos fãs ficaram desorientados e passaram a acreditar que Seiya, na realidade, fora aprisionado ao resgatar Kouga (episódio 10). Considerem dois pontos importantes para não caírem em confusão ou má interpretação:

  • Transparência de Seiya, no décimo episódio, que indicava ser uma representação cósmica e fazia jus ao comentário de Marte (“No entanto, esse brilho já esta se apagando.”);
  • O cenário do Flashback do episódio 50, que mostrava nosso herói sendo sugado pelas trevas, ser o mesmo do primeiro episódio, onde lutou defendendo Saori e Kouga ainda bebê.
  • Comentário realizado por Marte (no final do primeiro episódio) para Saori: "Não há mais Cavaleiros de Ouro para protegê-la, Atena!"

        A única explicação plausível é que o estúdio da TOEI Animation, responsável pela animação, mudou de última hora os acontecimentos da série, ou seja, Seiya foi reciclado de última hora e criaram essa explicação duvidosa para aproveitá-lo em outra série (como de fato, já está acontecendo). Infelizmente, as explicações (ou melhor, os apontamentos) do personagem não serviram para tapar os buracos no roteiro, pelo contrário, aumentaram ainda mais as dúvidas, porém, como a batalha já estava em reta final deixaram por isso mesmo. Prefiram encerrar a primeira guerra de Saint Seiya Ômega conservando o mesmo estilo desde o início do primeiro episódio: respostas zero!

 

  • Algumas Observações

 

        O subtítulo da análise anterior (Prometeu Acorrentado) foi para indicar uma suposta “plagia” ou, simplesmente, referência, por parte dos estúdios da TOEI Animation para a construção do personagem Seiya. Embora, particularmente, eu acredite que foi mais acidental que proposital, ainda assim, encontrei algumas semelhanças entre Seiya e Prometeu de Ésquilo.

        Na trilogia de Ésquilo, Prometeu (personagem principal da tragédia “Prometeu Acorrentado”) fora aprisionado por Zeus, deus do Olimpo, por amar e defender os humanos, contudo, mesmo condenado por toda a eternidade, ele ainda tinha um grande segredo, um trunfo contra o deus olimpiano. Em Ômega, Seiya de Pégaso também foi aprisionado por um deus, por também lutar pela humanidade sendo aprisionado por anos. No final, descobrimos que o grande trunfo seria o retorno do personagem.

        Outro elemento que também faço questão de ressaltar são as penas douradas, elemento incorporado das obras Saint Seiya Episódio G de Megumo Okada e The Lost Canvas de Shiori Teshirogi.

 

  • Resistência e Tendência das Armaduras

   

        Alguns tópicos ficam repetitivos de uma análise para a outra. Não é a primeira vez que discuto questões acerca das armaduras, entretanto, como faz parte do universo de Saint Seiya, não posso ignorar em hipótese alguma tantas incoerências como percebemos nesse episódio. Num embate entre Apso (encarnado em Kouga) e Seiya de Sagitário, vemos que uma das asas douradas foi completamente destruída. Sei que já foi abordado com maior riqueza de detalhes acerca da resistência das armaduras de ouro em outras análises (respectivamente, Ω 1 e Ω 42), mas faço questão de recapitular alguns acontecimentos, só que, dessa vez, enfatizando exclusivamente a resistência dessas proteções na obra pioneira de Masami Kurumada.

 

  • Saga Clássica

 

        Assim também conhecida pelos fãs, à primeira obra de Masami Kurumada narrando às batalhas de Seiya e companhia nos apresentou autenticamente o poder das conhecidas armaduras douradas.

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Cenas retiradas do combate entre Shiryu de Dragão contra Máscara da Morte de Câncer.

 

        Conforme registrado nas páginas acima, por mais numerosos e poderosos que fossem os ataques dirigidos contra um cavaleiro de ouro, nenhum destes poderá feri-lo mortalmente. Mesmo Shiryu, que possuía o punho mais poderoso, sequer conseguiu danificar a Armadura de Câncer.

 

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Cena retirada do ataque de Poseidon, um deus, nos cavaleiros.

 

        Como mostrado na cena acima, Seiya e os outros foram atingidos pelo poder do tridente de Poseidon. Embora fosse um deus seu ataque sequer trincou a Armadura de Sagitário. Ainda nessa parte, Seiya realiza o milagre de destruir o Pilar Central – dito, indestrutível – retornando com Saori nos braços e a Armadura Dourada intacta.

        Agora reflitam comigo: Se Poseidon não conseguiu fragmentar, trincar, avariar ou destruir a Armadura de Ouro de Sagitário usando sua arma divina – o Tridente -, como explicarmos, então, Apso destruir facilmente a Asa de Sagitário? Vale lembrar que a situação de ambos era a mesma, pois estavam encarnados em hospedeiros (Poseidon no corpo de Julian Solo e Apso no corpo de Kouga). Para tirar qualquer margem para dúvidas sobre quem tinha mais liberdade, consideremos essa passagem do mangá:

 

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        Se um dos três olimpianos mais poderosos, que tinha um poder capaz de englobar todo o universo, não conseguiu afetar as armaduras de ouro (vide, que Hyoga e Shiryu também foram atingidos estando com as armaduras de Aquário e Libra), então, como explicar os danos desastrosos de Apso? Deixemos o arco de Poseidon agora para nos focarmos exclusivamente na Guerra Santa contra Hades para concluirmos essa questão da resistência das Armaduras Douradas.

 

Trecho retirado da edição número 47 do mangá “Os Cavaleiros do Zodíaco” lançado pela editora Conrad.

 

        É evidente que essa foi uma das cenas mais turbulentas do combate ocorrido nos Campos Elíseos, pois, representou o final da era das Armaduras de Ouro. Thanatos pulverizou com a Terrível Providência as indestrutíveis armaduras douradas colocando em xeque os cavaleiros sagrados, contudo, acerca dessa ocasião, devemos analisar friamente os acontecimentos anteriores que resultaram nessa tragédia.

        Antes de Seiya e os outros alcançarem os Campos Elíseos, além do Muro das Lamentações, as Armaduras Douradas ficaram expostas, mais de uma vez, a colisão e o impacto da técnica sombria: A Exclamação de Athena. Em Giudecca, por exemplo, elas resistiram mesmo após a destruição do Muro das Lamentações orquestrado pelos doze dourados, então, era natural que estivessem propensas a destruição diante um ataque divino. Portanto, como não ocorreu absolutamente nenhum evento do tipo na série atual, fica registrado nesse momento todo o descaso dos estúdios da Toei Animation para com esse detalhe em Saint Seiya Ômega.

        A respeito da tendência das armaduras, ressalto que na obra pioneira a Armadura de Câncer abandonou seu usuário ao perceber que este não lutava por justiça. Tal fato não ocorreu em Ômega, pois, Apso possuiu o corpo de Kouga (que trajava a armadura de Pégaso) e, em momento algum, vimos uma resistência da armadura contra o deus decadente. Gostando ou não, a questão da escolha, como mostrado na saga clássica, também acontece por parte da armadura sagrada e, caso o usuário não seja digno de trajá-la, o mesmo pode ser abandonado.   

           

        Com isso, encerro essa análise deixando em evidência o descaso dos estúdios da TOEI Animation em relação o universo de Saint Seiya. Conforme comentado no início desta resenha, a última análise conterá a minha opinião sobre a conclusão da saga em função da ausência de pontos fundamentais para resenhá-la nos moldes acima.