KAIROSLOGIA: Uma análise divergente sobre a linha do tempo de Saint Seiya

17/02/2015 22:30

Kairoslogia: Uma análise divergente sobre a linha do tempo de Saint Seiya

Texto por Lucas Saguista e Revisão por Roger Costa

 

 

        Para quem não sabe Kairos, na Mitologia Clássica, é filho de Chronos, o deus do tempo; significa um momento indeterminado no tempo cronológico.

        A Kairoslogia é uma expressão usada pelo Quartel Canvete a partir do momento em que não se conseguiu estabelecer uma lógica cronológica nos eventos do Clássico. Portanto, apesar dos nossos esforços em tentar estabelecer os eventos dentro da ordem dos acontecimentos existe um forte impedimento: a inexistência de coerência.

        Primeiramente, devemos nos atentar para o período em que se passa o primeiro evento datado da obra: O início da Guerra Galáctica na quarta-feira do dia 10 de setembro de 1986. Esse trecho é encontrado no capítulo 4 – Guerra Galáctica. Esse ano é a base de cálculo de praticamente todos os acontecimentos da obra.

 

 

 

 

        Ou seja, todos os eventos passam a acontecer com base nessa data (e calculados também). Por exemplo, Saori já tinha 13 anos completos (01/09/1973), no entanto, embora fosse o ano do décimo terceiro aniversário de Seiya, ele tinha somente 12 anos na Guerra Galáctica (01/12/1973).

 

 

        No início do capítulo 8 – Axia – se passaram cinco dias desde o início dos eventos da Guerra Galáctica. Foi nesse evento que Ikki e as Fênix Negras invadem o Coliseu e roubam a armadura de Sagitário. Após isso, no capítulo 11 – Os cavaleiros negros entram em cena! – Shiryu parte para reparar as armaduras. Provavelmente, Shiryu levou de uma a dois dias para chegar a Rozan e, depois, demorou cerca de três dias desde que saiu para encontrar o Palácio de Mu. Ou seja, levou uma semana para ele encontrar Jamiel e uma semana para voltar à vida (Capítulo 15 – Shun, a fúria da nebulosa).

 

        Esse trecho nos mostra que o confronto contra os Cavaleiros Negros durou alguns dias, pois Shiryu retorna a vida após algum tempo. Não demora muito tempo desde ponto até encontrarem Ikki e combatê-lo.

        O Santuário envia na sequência um grupo de cavaleiros de prata: Um grupo procurou perseguir e matar os cavaleiros de bronze; o outro destruiu o Coliseu da Fundação Graad. Os eventos envolvendo o ataque dos cavaleiros de prata acontecem isoladamente em alguns dias, porém, há o tempo de recuperação de Seiya no hospital. Ou seja, passam três semanas desde a Guerra Galáctica.

 

 

Trecho retirado do Capítulo 27 – Todo o poder da armadura de ouro.

 

        Após, o Grande Mestre começa a enviar os Cavaleiros de Ouro para eliminar os rebeldes: Aiolia é designado a matar Seiya e os outros, porém, este acaba descobrindo a verdade por trás do Grande Mestre; Máscara da Morte é enviado para matar o Mestre Ancião; Camus de Aquário vai para a Sibéria e soterra o navio de Natasha; provavelmente, foi nessa semana que Daidaros foi morto por Afrodite.

 

Trecho do capítulo 34 – Pela nossa deusa.

 

        Logo após, ocorre à batalha das 12 casas e, por fim, Saga se mata.

        Resumidamente, o período de tempo entre a Guerra Galáctica e as Doze Casas é de um mês, ou seja, os eventos começaram em setembro e terminam em outubro. Sabe-se, após, que os Cavaleiros de Bronze permanecem um mês em coma até o início dos eventos que marcam a Saga de Poseidon, ou seja, a luta contra Poseidon deveria começar em novembro.

        Entretanto, é nesse ponto que a porca torce o rabo.

        A Saga de Poseidon tem início no 16º aniversário de Julian Solo, ou seja, sabendo que ele faz aniversário em 21 de março, seria impossível que os cavaleiros estivessem somente um mês em coma (para fechar o mês de novembro, cronologicamente). Eles teriam que estar de coma mais de seis meses – afinal, as doze casas acontecem em outubro, logo, até os 21 de março se passaria um longo espaço de tempo.

        Infelizmente, aqui começa uma verdadeira guerra para saber se Julian Solo completou seus 16 anos em março de 1987 ou se tinha sido exatamente no ano dos principais eventos: 1986.

 

 

Trecho do capítulo 48 – Os acordes da morte.

 

        O principal motivo que descarta a possibilidade de ser em 1987 é que Kanon refere-se a todos os acontecimentos passados ao mesmo período em que conspirou com Saga, fora que a alma de Poseidon ficou encubada num Julian Solo que tinha apenas 3 anos, ou seja, os períodos não batem! Se fosse há catorze anos, poder-se-ia considerar que houve um pequeno erro na tradução e que, na realidade, foram seis meses e meio de coma, e não um mês apenas.

        Em contrapartida, o que torna impossível esses eventos terem acontecido em 1986 é que o confronto contra Poseidon ocorreu em março, sendo que só em setembro daquele ano começaria a luta contra as forças obscuras do Santuário. Ou seja, existe um verdadeiro buraco negro obstruindo a cronologia. Por fim, datou-se o aniversário em 1986, por uma decisão simples: Apesar dos eventos das Doze Casas terem terminado em outubro e, posteriormente, a Saga de Poseidon começar em novembro (exatos um mês de coma dos cinco protagonistas), existem muito mais evidências apontando que (por mais doido e atemporal que possa ser) essa batalha ocorreu em 1986, e não em 1987 como gostaríamos. O único argumento válido para solucionar essa questão pendente seria desconsiderar completamente a data de aniversário de Julian Solo (no caso, 16 de março), pois, assim, é possível enquadrar a maioria dos eventos de maneira mais aceitável.

        Agora, o que mais complica o entendimento da cronologia está na Guerra Santa, ou seja, em Hades.

        No Prólogo de Next Dimension, está datado o ano de 1990. Porém, a Guerra Santa começa imediatamente após Poseidon, ou seja, em abril de 1987, seguindo a cronologia.

 

Trecho do capítulo 68 – Ressurreição! Hades, as 108 estrelas maléficas de Hades!

 

        Ou seja, não sei em qual realidade poder-se-ia a Guerra Santa começar no início dos noventa, até por quê, a batalha contra Hades tem a duração de praticamente 1 dia. Como o Prólogo de Next Dimension foi publicado em abril de 2006 é certo que faltou um pouco de pesquisa na obra já consumada para se perceber que, praticamente, pouco tempo transcorreu em 1986.

        Enfim, ignorando isso, as Estrelas Malignas deveriam renascer somente no instante que o selo de Atena perde suas forças, porém, no capítulo 88 – Orfeu, o Réquiem Trágico, mostra que Faraó já tinha despertado havia muito tempo, afinal de contas, foi ele quem tramou contra Orfeu e Eurídice. Outro detalhe que deixa em xeque essa questão do despertar dos espectros ocorre no Capítulo 80 – A Armadura de Atena, onde Zelos afirma que Atena se matou com a adaga que as tropas de Hades deram para Saga.

        Para piorar ainda mais o cenário cronológico – se é que algum dia existiu – dessa análise, é que até mesmo os eventos passados estão diretamente relacionados aos benditos treze anos, ou seja, o mesmo período da loucura de Saga; o mesmo período em que Kanon liberta o selo de Poseidon e, este, adormece em Julian Solo; o mesmo período em que Pandora procura Shun para reclamá-lo a Hades. É quase impossível realizar uma avaliação sem resvalar em alguma dissintonia de acontecimentos que podem ser desde furos evidentes de continuação ou simples estranhamentos como, por exemplo, Mu atravessar em menos de uma hora de Áries e a Gêmeos, mas levar duas horas e meia para chegar a Câncer.

        Contudo, pode-se especular que o Prólogo, de Next Dimension, seja, na realidade, o futuro já alterado (e não uma recapitulação da luta nos Elíseos do Clássico), afinal de contas, se subtrair o ano de 1986 pela tempo em que Dohko aguarda o romper do selo de Atena (243 anos) chegar-se-á aos 1743 (início dos eventos de The Lost Canvas). No Capítulo 1 - Dohko e Shion, de Next Dimension, é revelado que a Guerra Santa do Clássico ocorreu nos anos de 1990, o que vimos ser impossível de acordo com a linha do tempo do mangá. Portanto, acredita-se que o trecho do Prólogo, de Next Dimension, na realidade, seja uma possível passagem da mudança que já esta acontecendo por causa da viagem no tempo. Apesar de tudo isso fazer sentido - e ser lógico; a questão de Poseidon continua em aberto.

        Por isso chamamos de Kairoslogia, afinal de contas, por que Kairos é o tempo oportuno, o tempo indeterminado cronologicamente, e, como existe essas falhas de continuidade no mangá aderiu-se Kairoslogia à Cronologia. Portanto, só para ressaltar, o ano de base de todos os eventos é 1986 e a partir dele foram calculados cuidadosamente (na medida do possível, óbvio) todos os períodos com base no mangá e na Enciclopédia lançada pela Editora Conrad.