R&D - O GUIA DOS MONSTROS

14/02/2015 21:56

O Guia dos Monstros

Por Lucas Saguista

 

        Inicialmente, não tinha planejado transformar esse assunto num guia, afinal de contas, em primeiro lugar, não estou analisando todo o contexto da obra (que deveria abranger Warbloom também, e não somente Roots of Rebellion), e, em segundo lugar, não constavam tantas informações acerca dos monstros para se elaborar um guia.

        Então, como explicar essa mudança de planos ousada – e controversa?

        Após algumas pesquisas, que foram desde a busca por alguns desses personagens em livros como Dungeons & Dragons 3.5 O Livro dos Monstros, e alguns leitores mais atualizados sobre o fiction, consegui, portanto, compilar um pequeno guia, em nível de comparação. A proposta não será apenas apresentar as criaturas fantásticas que envolvem e fazem parte desse universo, mas também procurar analisar suas bases de inspiração que levaram o autor a utilizá-los, assim como também pontuar suas abordagens.

 

        Durante o desenvolvimento do primeiro arco ocorreram algumas explicações para justificar – ou pelo menos tentar, o porquê de Chesord estar fechada para o resto do mundo. Ainda no primeiro capítulo – Os que destroem e os que protegem – descobre-se que há 300 anos foram erguidos pilares para sustentar uma barreira para defender Chesord dos demônios. Outra situação assim ocorreu no 34º capítulo – Realia, Utopia e Pravus – em que ocorre uma conversa entre as protagonistas na floresta de Everdread. Ali, Yasmin comenta: “O problema é que há 300 anos, segundo os livros históricos, um poderoso feiticeiro maligno encontrou uma forma de criar corpos em massa para os demônios de Pravus, os quais atacaram e destruíram as nações que encontraram”. O interessante sobre essas passagens é que mesmo após a barreira ter sido erguida pelos grandes sábios, ainda assim restaram “criaturas fantásticas” – alguns monstros, outros, por que não demônios? – dentro do território enclausurado, porém, como sequer são mencionados devidamente acredita-se que já preexistiam antes dos rumores que desencadearam a criação dos pilares. Embora essa observação não seja considerada uma crítica estrutural e sequer deixe em xeque a história dos trezentos anos contada por Yasmin, ainda assim, existe um espaço não preenchido que envolve esses “monstrinhos” espalhados por todo o território de Chesord.

        Afinal de contas, eles são ou não considerados demônios?

        Infelizmente, pouco (ou quase nada) se sabe. Apesar dessa dúvida não ser respondida em Roots of Rebellion (aconselha-se acompanhar Warbloom), existe uma margem de interpretação (muito tímida) que pode ser sim a base para uma explicação plausível acerca dessa temática.

Ainda no capítulo 34 – Realia, Utopia e Pravus – os planos existenciais são apresentados; essas realidades – ou mundos – são categorizadas, possivelmente, pelas energias que as envolvem. Por exemplo, Utopia é habitada por seres elevados como anjos e deuses, enquanto Pravus é seu oposto, afinal de contas, é o reino regido por demônios e seres das trevas. Obviamente, mundo dos homens (ou de seres com matéria, afinal, especula-se que os outros mundos sejam espirituais, embora isso seja discutido posteriormente na parte referente ao dragão divino, que pode gerar uma controvérsia com essa explicação) é chamado de Realia, e, pelo visto, funciona como uma espécie de meio termo entre os planos.

        Sabendo que os planos espirituais, consecutivamente, Utopia e Pravus, não podem intervir no equilíbrio, ou seja, não podem agir sobre os seres de Realia (a menos que consigam possuir um receptáculo ou criá-lo), então, fica a dúvida: Como os seres de Pravus teriam meios viáveis de intervir na ordem de Realia senão através dos métodos conhecidos? A possível resposta pode se encontrar nas comunidades de criaturas fantásticas que habitam o mundo real, em outras palavras, há uma chance mínima dessas criaturas serem protegidas pelo “panteão” de Pravus, assim como algumas sacerdotisas chesorianas do templo de Hadob são abençoadas – ou protegidas – pelo deus respectivo. Então, é possível especular que as catorze divindades caídas que compõe os territórios de Pravus são os responsáveis pelo processo de encarnação dos monstros, por assim dizer.

        Na história lateral conhecida por Mitologia de Roses And Demons, conhece-se a primeira entidade espiritual responsável pela criação do universo: A deusa-mãe Prima. Ela foi responsável por quase todas as criações, incluindo, seus filhos que, posteriormente, transformar-se-iam em deuses criadores também. Vitae foi responsável pela criação de todos os seres vivos, entretanto, como não fora mencionado se este também foi o responsável pela criação dos seres fantásticos torna-se possível especular que estes tenham sido idealizados pelos outros deuses amotinados. Existe essa possibilidade na leitura (e de interpretação) por causa dessa passagem: “Contudo, ainda na aurora da humanidade, catorze dos filhos de Prima foram tomados pela ganância e pela soberba, chegando à conclusão de que deveriam dominar a humanidade como legítimos regentes.”. Nessa passagem, percebe-se que houve uma competição entre os futuros regentes de Pravus e isso não exclui uma tentativa (ou várias) de também experimentar da criação, mas como algo profano, ou proibido (até por que, a vida deveria ter sido obra de Vitae, não?).

        Portanto, apesar de pouco se saber sobre as comunidades de criaturas fantásticas que envolvem esse universo criado por Julian V. Karma, pode-se, ao menos, tentar expor uma base analítica de sua existência, assim como sua função naquele mundo. Com base nisso, seguiremos com o Guia dos Monstros.

 

Ogro

 

        É a primeira criatura fantástica a pintar em Roses And Demons, ainda no capítulo 1. Ele foi descrito como “uma fera humanoide de grande tamanho e pele acinzentada”, também tinha “punhos gigantes”, no entanto, essas descrições são insuficientes para montar uma imagem acerca do monstro.

        Os ogros são criaturas eternizadas no universo literário – em especial, o infantil com o clássico O Pequeno Polegar, e tem seu espaço garantido nos mitos, entretanto, ainda assim, houve uma ausência de contextualização desse monstro em R&D. Não somente pela pouca descrição, pois esse nem seria o principal problema, mas, pela maneira como foi abordado, afinal de contas, um “pelotão” composto por dois míseros soldados – que não tinham a mínima chance de sucesso – que simplesmente estavam no interior de um bosque esperando reforços é algo meio difícil de engolir.

        Como os diálogos – em suma, genéricos - não revelavam sequer os motivos de terem sido designados a caçar a criatura perigosa como aquela, realmente, acabou ficando evidente que a única função que devia vigorar ali era a inserção de Yasmin Pyrath na trama. Infelizmente, essa exótica criatura não volta a dar as caras na história, pelo menos, não nos 100 capítulos estudados.

 

Golem

 

        Esta é a segunda criatura fantástica que habita o cume do monte em que o ferreiro Jack mora, provavelmente, não muito distante da vila de Ekal (apesar de não ter informações para confirmar isso). São mencionados no capítulo 22 – Desafio Aceito – e são descritos como sendo “figuras humanoides, grandes e rochosas” que possuíam “substâncias azuladas e reluzentes em certas partes dos seus corpos”.

        Segundo a mitologia judaica, da qual essas criaturas fazem partes, os golens são seres artificiais, que podem ser trazidos à vida através de um processo mágico. Embora não existam informações que comprovem isso no decorrer desses capítulos, possivelmente, os golens sejam criaturas geradas pelo panteão de deuses amotinados de Pravus, afinal de contas, assim como na mitologia judaica, também ficou evidente que são seres artificiais em Roses And Demons.

 

Pseudodragão

 

        É um habitante da Floresta de Everdread, que dá as caras no capítulo 24 – Preparação – na tentativa falha de devorar a equipe de Yasmin. Ele é descrito como “um lagarto grande e violento” com “forma robusta e escamosa”, ou seja, um iguana tamanho família que se alimenta de carne ao invés de folha de palmeira.

        O pseudodragão, na realidade, é uma criatura do Livro dos Monstros 3.5, criado por E. Gary Gygax e Dave Arneson, e é descrito como:

        “Essa criatura se assemelha a um dragão vermelho em miniatura, mas é marrom avermelhado em vez de vermelho escuro. Suas escamas são finas, mas seus chifres e dentes são bem afiados. Sua cauda tem o dobro do tamanho do corpo, é farpada e muito flexível.

        Embora esse “lagartinho” tenha apenas 30 centímetros de largura - e o dobro de cauda – no Livro dos Monstros, em Roses And Demons, por outro lado, devia ser muito maior, afinal de contas, Karin pensou que fosse morrer ao ser abocanhada. Se isso foi um exagero, ou não, não teremos como saber, a única coisa evidente foi que pouco foi dito acerca dessa criatura.

 

Hidra

        Não é a toa que a péssima fama da floresta de Everdread faz jus a sua reputação de perigosa: Assim como o pseudodragão, a hidra também é habitante dessa região. Ela foi descrita no capítulo 26 – A Floresta de Everdread – como um “réptil robusto com três longos pescoços serpenteantes” que terminavam em “cabeças dracônicos”.

        A hidra pertence à mitologia clássica e sua história está relacionada aos feitos fantásticos do herói Héracles (Hércules, para os romanos). Reza a lenda que a cada cabeça cortada um novo par nascia e, assim, sucessivamente, no entanto, graças a Jolau, que cauterizava os cortes realizados por Héracles no monstro, as cabeças não se regeneraram mais e, por fim, acabou sobrando somente à cabeça principal. Héracles a matou definitivamente esmagando-a com uma enorme pedra.

        Por outro lado, hoje, a hidra não é uma criatura exclusiva dos contos da mitologia; no Livro dos Monstros 3.5, ela também aparece. É descrita como um “monstro réptil com diversas cabeças que podem estilhaçar rapidamente qualquer oponente”, mas mantém todas as características da criatura da mitologia, principalmente, na forma de combatê-la e matá-la.

        A única diferença crucial entre as hidras comentadas acima e a deste universo criado por Julian V. Karma, é que a hidra dos pântanos de Everdread podem disparar poderosas rajadas de água, mas nenhuma toxina (pelo menos, nenhuma das personagens buscou mergulhar suas armas no sangue venenoso da criatura, se é que era venenoso).

 

Onis

 

        Os onis são seres fantásticos originários da região de Siral. Foram descritos como sendo “humanoides robustos e peludos, com feições brutais, pelo marrom, dentes afiados e vários pequenos chifres” (capítulo 32, Aquilo que ainda falta).

        Para quem não sabe, os onis são criaturas populares na literatura, arte e teatro japonês, assim como são entidades importantes – e muito conhecidas – na mitologia japonesa. Um dos títulos de mangás em que estas criaturas foram amplamente exploradas foi em Inu-Yasha, de Humiko Takahashi, por exemplo. Num aspecto geral, os onis são criaturas maliciosas, antropófagas e, por vezes, astuciosas, porém, também podem ter uma função protetora, afinal, não deixam de serem entidades.  

        Infelizmente, em R&D, pouco se soube acerca dessas criaturas – e suas funções, pois receberam uma sucinta descrição (além de terem sido eliminados rapidamente por um dos membros da ordem). Agora, deve-se atentar para um fato curioso, talvez, exclusivo desse universo: essas criaturas se reuniam em lugares afastados de cidades e montavam casebres, quase como favelas (pesquisar no capítulo 36, Draconis).

 

Dragão Divino

 

        Sem dúvidas, uma das criaturas mais graciosas – e polêmicas, já apresentadas nesse arco inicial. Antes de tudo, o dragão divino é uma criatura temente à deusa Aneht, em outras palavras, não é uma criatura de Realia, mas, sim Utopia.

        Esse ponto de vista parte do comentário de Luna na ocasião em que a criatura em questão aparece:

        “Sim, é um dragão divino! Esses seres servem a deusa Aneht e, se um deles está aqui, em Realia, só pode significar...”, por Luna Watlear, no 41º capítulo, intitulado Escamas Brancas.

        Essa majestosa criatura é descrita como “algo radiante e grande (...), (...) tratava-se de um dragão de escamas brancas e torso comprido, com duas grandes asas, uma longa cauda e apenas duas compridas patas traseiras” e detinha o estranho poder de teleportar-se.

        Agora, o mais curioso acerca desse dragão é que mesmo sendo uma criatura de Utopia, ou seja, um lugar habitado somente por seres espirituais, ainda assim, essa criatura tinha matéria, ou seja, era composta por material orgânico como qualquer outro monstro – ou pessoa – de Realia. Com isso, abre-se um leque de questões plausíveis como “Será mesmo que em Utopia e Pravus só existem seres espirituais – ou energéticos – ou existem outros seres físicos?”; “A condição de espiritual serve somente para esses dois mundos e, na passagem destes para Realia, o espírito passa a empregar uma espécie de receptáculo? Se isso for verdade, então, seria uma mentira a questão da interferência dos seres espirituais somente pelos métodos de possessão ou de criação de corpos?”; “E se as criaturas fantásticas benéficas podem ser enviadas de um mundo espiritual para o material, então, as criaturas fantásticas malignas passam pelo mesmo processo?”; “Se uma criatura espiritual “morre” num plano mortal, ela desaparece completamente ou continua com sua roupagem espiritual? Se não, o que acontece? Existe a possibilidade de uma criatura ser erradicada completamente?”; enfim, várias questões são levantadas e deixam em xeque a teoria do equilíbrio dos mundos.

        Independentemente disso tudo, a questão é que um ser fantástico de um mundo de realidade adversa a Realia pode ser invocado. Embora no capítulo 42 – Reencontro – Luna tenha afirmado que exige um ritual para invocar tal criatura (que vai desde as oferendas a deuses específicos como a reunião de componentes para elaborar um corpo), uma coisa é inegável: Em Chesord, até mais da metade do primeiro arco, tudo aquilo em que os personagens acreditam ser uma verdade é, na real, uma farsa. A possibilidade desses seres terem acesso somente por dois métodos – ironicamente conhecido por todos – a Realia pode ser um grande equívoco, também, portanto, existe sim ainda mistérios em vigor. Esse simples adento pode ser o responsável por uma mudança de rumos drástica no contexto da obra, afinal, se uma criatura é serva de uma deusa de Utopia, o que impede de existir outra criatura de mesmo poder e influência (ou maior) submissa a um dos deuses trevosos do abismo? Enfim, questões que podem, ou não, serem discutidas em Warbloom (recomenda-se a leitura).

        No Livro dos Monstros 3.5, existe o dragão branco cromático, a possível referência para a criação do dragão divino.

 

Dracolagarto

        Essa criaturinha esperta era original do Bosque de Sinelth, mas pouco se sabe a respeito, afinal, sequer recebeu uma descrição física. Nada. O monstrinho herói conhecido por Bob morreu ao usar sua saliva para secar o sangue de Scythe, o membro da ordem responsável pela região, no capítulo 64 – Algo do seu interesse.

 

Pássaro Arcano

        Assim como o Dracolagarto, essa exótica criatura mágica sequer recebeu alguma descrição física ou, pelo menos, o porquê de receber o nome “arcano”. A única que se sabe a respeito dessa criatura é que possui a mesma função de um simples pombo correio, nada mais.

 

Espíritos Terrenos

 

        E, obviamente, os seres fantásticos de maior destaque – juntamente com o dragão divino – e igualmente controversos com a proposta exposta na Mitologia de Roses And Demons. No capítulo 89, o qual recebe o nome desses seres fantásticos, é afirmado que estes monstros foram espíritos capturados pelas bruxas, que foram magicamente presos em cubos de pedras, mas, se caso um deles fosse liberto, automaticamente, retomaria sua forma original (incluso os poderes). Ou seja, exatamente como fora afirmado na ficha do Dragão Divino, existem sim outros meios de criaturas espirituais exercerem influência – ou agir diretamente – no contexto de Realia, basta ver que os espíritos foram enclausurados por seres mortais, em objetos físicos, e, caso escapassem retomariam suas formas e poderes originais. Só essa parte já é uma evidencia indiscutível da mentira – ou omissão, afinal, não se sabe se alguém está ocultando a verdade – por trás da questão do balanço do equilíbrio dos planos.

        Enfim, voltando à descrição desses seres fantásticos, foram invocados seis dessas criaturas que serão descritas na ordem de aparição:

  • A primeira fora um “ogro três vezes maior do que o comum. Era um humanoide gigantesco, corpulento e desajeitado que lançava seus poderosos braços contra as estruturas de pedra, destruindo-as com facilidade. Contudo, diferente de um ogro, ele tinha uma pele extremamente escura, da cor do carvão e um rosto totalmente vazio, como se fosse um boneco sinistro de barro.”;
  • O segundo fora uma “uma salamandra gigantesca, alta como um elefante e longa como uma fragata. Tão escura quanto à primeira criatura; ela destruía edifícios com sua boca repleta de dentes afiados e sua robusta cauda. Porém, excetuando a boca, ela não possuía mais nada em sua cara.”;
  • A terceira criatura fora uma “grande baleia negra, movendo-se pelo ar com tanta graça que parecia nadar. O monstro também usava a boca e cauda para atacar e não aparentava ter olhos ou narinas em qualquer local do corpo.”;
  • A quarta criatura tinha “a estrutura corporal de um macaco pequeno, como um mico, mas ele não deixava nada a desejar no quesito tamanho se comparado aos outros. Ele não tinha nenhum pelo sobre sua pele escura e, assim como o ogro, não possuía sequer uma boca.”;
  • A quinta criatura era uma “aranha escura e enorme, mas sem olhos ou pelos. Parecia apenas uma massa escura com oito patas e uma boca ameaçadora.”;
  • A sexta e última era uma “criatura alada negra” com um “bico e garras que lembravam uma ave.”;

 

        Em absoluto, pouco se sabe acerca dessas criaturas fantásticas, além do fato de querem são espíritos de monstros antigos. Agora, se consultar a base para sua inspiração, por assim dizer, acabaremos chegando às famosas cartas de Yu-Gi-Oh. Existe uma carta para cada uma dessas criaturas citadas, porém, nas figuras dessas cartas existem símbolos que lembram as inscrições de Nazca (Peru).

 

 photo 1_zpsh7vgyedt.jpg  photo 2_zpsxqjprmzb.jpg  photo 3_zpsr1ktjgje.jpg  photo 4_zpsxk2zbvpl.jpg  photo 5_zps945z10cd.png  photo 6_zpsntcyxmds.png